Quem viu uma mulher no final da gestação, com a barriga já grande, com certeza se perguntou se ela tem ou não dor nas costas ou nas pernas devido ao aumento de peso. Agora, sabendo que ela é portadora de artrite reumatoide (AR), doença inflamatória que afeta as articulações, a ideia que se faz é de que ela está com mais dor, certo? Na verdade nem sempre. As dores das portadores de AR podem diminuir durante a gravidez.
Cuidados anteriores
A artrite reumatoide é uma doença autoimune, que inflama as juntas e compromete a saúde de outras regiões do organismo. Os sintomas são: febre baixa, cansaço, emagrecimento, juntas inflamadas, principalmente do joelho, cotovelo e tornozelo, e rigidez muscular e articular prolongada pela manhã. A reumatologista Claudia Velasco explica: “A doença se caracteriza por um edema articular, com o sintoma de rigidez de mais de 1 hora pela manhã e incapacidade física”. Com todos esses sintomas, se a mulher quer realmente engravidar, o ideal é procurar um médico para avaliar os medicamentos que estão sendo usados e, de acordo com a prescrição dele, diminuir a dosagem.
Para sempre
É importante frisar que se trata de uma doença crônica, três vezes mais comum em mulheres do que em homens e que afeta 2 milhões de pessoas no País segundo estimativa do instituto Nielsen. Vale lembrar que a idade média para receber o diagnóstico, derrubando o mito de que trata-se de uma doença mais comum em pessoas acima dos 50, é de 39 anos, de acordo com a mesma pesquisa. Com base em todos esses dados é possível afirmar que milhares de mulheres em idade fértil têm a doença e engravidam todos os anos e, o que é interessante é que, ao contrário do que pode parecer, a gestação pode ajudar a aliviar os sintomas.
Como melhora?
Segundo um artigo publicado pelo jornal de reumatologia de Oxford, existem evidências do papel dos estrogênios (hormônio que aumenta durante a gestação) na melhora das doenças autoimunes. Mesmo assim, nem todas as pacientes ficam livres das dores na gravidez . “Apenas metade das pacientes experimentaram melhora significativa quando medidas objetivas da atividade da doença são aplicadas”, explica o artigo.
Usar ou não usar
Quando as dores não são controladas pelos hormônios da gravidez, pode ser necessário o uso de remédios, por isso, é importante acompanhamento, não só de um ginecologista, como de um reumatologista durante a gestação. Só esse especialista pode indicar remédios que não afetam o bebê e ajudam a mãe a ter menos dores nesses nove meses. O acompanhamento fica ainda mais imprescindível no final da gravidez, já que a tendência é uma piora logo após o parto, que demora até três meses para passar.
Depois do parto
Ainda é preciso ficar de olho na medicação que a mãe toma, caso o bebê esteja sendo amamentado, isso porque pode existir a transferência de substâncias nocivas à criança pelo leite.
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Consultoria: Claudia Velasco, reumatologista