A microcefalia trata-se de uma circunstâncias sem precedentes e pouco estudada, o que gera muitas dúvidas tanto sobre a doença transmitida pelo vírus quanto em relação à anomalia causada por ele quando contamina fetos em formação. Veja algumas perguntas frequentes sobre a condição:
1. Toda mãe que teve zika durante a gestação terá um bebê com microcefalia?
Não. O risco é grande, mas não é possível afirmar que qualquer tipo de infecção que ocorra durante a gravidez tenha uma taxa de 100% de transmissão para o feto. E, quando isso ocorre, não se manifesta da mesma forma. Apesar de já ter sido confirmada a relação entre o zika vírus e a microcefalia, o assunto ainda está em estudo, por isso ainda não se sabe exatamente qual é a taxa de transmissão do vírus e a chance do feto desenvolver essa condição.
2. E para as mães que tiveram zika em períodos anteriores à gravidez, há risco de terem filhos com microcefalia?
Não há um risco maior da criança nascer com microcefalia se a mãe já tiver contraído zika no passado. Se uma mulher que teve a doença há um ano engravidar hoje não terá problemas maiores. As infecções congênitas que levam a algum tipo de malformação do feto geralmente acontecem durante a gravidez.
3. E crianças que já nasceram, se forem infectadas pelo zika, podem vir a ter microcefalia?
Não. A zika, assim como outras doenças, quando é adquirida fora da barriga da mãe não causa tantos danos. O problema é quando a infecção acontece ainda no período de formação do bebê, especialmente no primeiro trimestre da gravidez. Após o nascimento, a infecção não tem o mesmo impacto clínico ou sequelas.
4. Apenas o zika vírus pode causar microcefalia?
Absolutamente, não, existem muitas outras causas associadas ao problema. A começar pelas congênitas, ou aquelas presentes desde o nascimento, como o consumo abusivo de álcool e outras drogas como a cocaína e heroína durante a gravidez; diabetes e fenilcetonúria maternas mal controladas; hipotireoidismo materno; insuficiência placentária; anomalias genéticas; exposição à radiação de bombas atômicas; infecções durante a gravidez, especialmente rubéola, citomegalovírus, toxoplasmose e zika.
Há ainda as adquiridas, que surgem durante o primeiro ano de vida, como erros inatos do metabolismo; síndromes genéticas, como a Síndrome de Rett; infecções intracranianas nos dois primeiros anos de vida (encefalite e meningite); hipotireoidismo infantil; anemia crônica infantil; traumas disruptivos (como AVC); insuficiência renal crônica; craniossinostoses (fechamento precoce das suturas cranianas).
Além disso outras síndromes de origem genética podem causar microcefalia como as síndromes de Cornélia de Lange, de Cri-du-Chat (ou “miado do gato”), Down, Rubinstein-Taybi, Seckel, Smith-Lemli-Opitz e de Edwards (também conhecida como trissomia do 18).
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Texto e entrevistas: David Cintra – Edição: Giovane Rocha/Colaborador
Consultorias: Marcela Amaral Avelino Jacobina, neurologista da Amato Instituto de Medicina Avançada; Ana Elisa Baião, ginecologista; Marcio Fernandes Nehab, pediatra; e Tânia Saad, neurologista.