“Júlia, durante toda a sua vida escolar, sofreu bullying por estar acima do peso. Por isso, ela já não se sentia feliz com o que enxergava no espelho e, então, decidiu reverter essa situação. Toda vez que fazia uma refeição, corria para vomitar no banheiro. Aos poucos, ela conseguiu perder os quilos desejados. Na escola, não era mais motivo de brincadeiras, mas ela ainda não estava satisfeita com seu corpo e optou por perder mais peso. Nesse processo, sua saúde ficou debilitada até ter como casa um hospital. E o pior: diagnosticada com bulimia”.
Esse é um relato fictício, mas poderia acontecer na vida real. Muitos não sabem, mas esse e outros transtornos alimentares podem acontecer por um motivo: a depressão. A seguir, saiba quais são e como eles afetam o corpo.
Compulsão alimentar
“A origem do Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) é explicada pela presença de uma significativa e disfuncional impulsividade alimentar. Pode existir a influência de fatores ambientais, psicológicos e fisiológicos na gênese e na manutenção desse transtorno, porém, no momento, ainda necessitamos de uma maior investigação para mais esclarecimentos etiológicos”, esclarece a psiquiatra Ana Clara Floresi.
A disfunção está cada dia mais associada a problemas psicológicos como ansiedade e depressão e pode acarretar em um grande aumento do peso em pouco tempo. “Nesse contexto, podemos tanto observar associação desses problemas com episódios de hiperfagia e craving (aumento do desejo) por doces ou outros alimentos, quanto com redução de apetite e consequente perda de peso”, completa Ana Clara.
Obesidade
O problema é diagnosticado quando o Índice de Massa Corpórea (IMC) é igual ou maior que 30 — que, por sinal, pode ser facilmente calculado: basta dividir o seu peso (em quilogramas) pela altura (em metros) ao quadrado. A obesidade pode ser desencadeada por vários fatores, dentre eles, genéticos, neurológicos, socioeconômicos e psicológicos, como a depressão. “Em alguns casos, o apetite pode aumentar, como na depressão atípica, por exemplo, e está muito relacionado a sintomas de ansiedade: a comida representa uma forma de fuga da realidade; é a procura pelo prazer em algo que dá uma sensação transitória de felicidade, evitando encarar as frustrações. Também há casos em que as pessoas já apresentavam quadros de disfunção alimentar previamente e, com a depressão, eles foram agravados”, salienta o psquiatra Ricardo Frota.
A obesidade ainda pode proporcionar outros malefícios à saúde. “Ela tem uma maior probabilidade, entre outros fatores mutáveis, de provocar várias doenças: acidente vascular cerebral, doença cardíaca, hipertensão arterial, colesterol alto e diabetes, por exemplo”, alerta a cardiologista Isa Bragança.
Para tratar, é preciso que a pessoa se dê conta da gravidade do problema e busque ajuda especializada. Só o médico é capaz de identificar a base do problema — que pode estar envolvido com a depressão — e tratá-lo da maneira mais adequada.
Texto: Redação Alto Astral
Consultoria: Ana Clara Floresi e Ricardo Frota, psiquiatras
LEIA TAMBÉM
- Alimentação e convívio com animais pode afastar distúrbios da mente
- Pesquisa: filho “favorito” pode ser depressivo no futuro
- 13 hábitos importantes para viver mais feliz