O ciúme não é um sentimento que atinge exclusivamente os adultos: ele pode ser despertado ainda durante a infância. Pode ocorrer quando uma das crianças se identifica com apenas um dos pais e sente ciúme quando ele está com outras pessoas, inclusive com seus parceiros.
Tipos de ciúme
Dessa maneira, esse sentimento não está presente apenas na relação amorosa de um casal. De acordo com a psicóloga Marina Vasconcellos, também ocorre nas relações “fraternas (medo de perder o amor dos pais ou ser preterido porque nasceu um irmão); entre pais e filhos (pais que têm ciúmes dos genros ou noras, por tirá-los de perto deles e não se sentirem tão importantes quanto antes); entre filhos e pais (nos recasamentos, dificuldade em aceitar o novo parceiro dos pais por medo de perder o amor deles); profissionais (medo de ser substituído por alguém melhor aos olhos do chefe) ou mesmo nas amizades”.
Já segundo a psiquiatra e terapeuta Hebe de Moura, o ciúme também pode estar relacionado a objetos, devido ao apego exagerado a algo que não se queira compartilhar. “É algo próximo da inveja, já que também produz mal-estar pelo fato de a pessoa não possuir algo que pertence a outro”, esclarece.
O cérebro do ciumento
Além de todo o trabalho para o coração, o ciúme também mexe com o cérebro, principalmente quando é excessivo. Por meio de estudos e ressonâncias magnéticas, a neurociência vem mostrando que o sentimento estimula com mais intensidade a região do cérebro chamada córtex anterior cingulado, mesma área ativada quando sentimos dores físicas.
Uma pesquisa da Universidade de Pisa, na Itália, constatou relações entre ciúmes e distúrbios neurológicos e psiquiátricos. Para isso, no estudo, foram analisadas imagens cerebrais de pessoas diagnosticadas com esses transtornos. Os resultados indicaram que os voluntários apresentavam sinais de ciúme delirante, e que eram mais potentes em indivíduos com dependência química, esquizofrenia e Alzheimer. Desse modo, foi comprovado que o ciúme tem efeitos no córtex pré-frontal ventromedial, região responsável por regular as emoções.
LEIA TAMBÉM:
Texto: Andrey Seisdedos/Colaborador – Edição: Victor Santos
Consultorias: Eloá Bittencourt, psicanalista e membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro (RJ); Hebe de Moura, psiquiatra e terapeuta; Marina Vasconcellos, psicóloga e terapeuta familiar.