Neste sábado (28), o filme Dois Conto terá estreia na rede de cinema Cinépolis, referência na América Latina. O trabalho foi criado por jovens periféricos moradores da Vila Missionária, Zona Sul de São Paulo, é e uma sequência do curta Dez Conto, lançado em 2020 e cujo nome faz alusão ao orçamento baixo, de apenas 10 reais.
Assim como seu predecessor, Dois Conto é uma produção independente que tem como gênero principal a comédia e conta com cenas fortes de drama, representando a realidade do alto das lajes da periferia de São Paulo.
Segundo Bruno Maciel, cineasta e diretor do filme, o curta Dez Conto não tinha pretensão, sendo apenas uma brincadeira na lage feita entre 5 amigos. “Pelo interesse do público, começaram algumas perguntas se o filme teria continuação, pelo fato de terminar com uma piada reflexiva e por essa razão foi iniciado o trabalho do Dois Conto”, explica.
Apesar de ambas as obras terem o objetivo de retratar a violência lúdica e introduzir um choque sobre a realidade social e preconceitos, o cineasta comenta que o filme teve um investimento muito maior para sair do papel. “O Dois Conto teve uma criação mais elaborada e um custo em torno de 8 mil reais, com referências que com certeza colaboraram muito para o resultado final”, destaca.
Raízes
Ao Alto Astral, Bruno disse que o cinema sempre serviu de inspiração para as ideiais e criações. “Sempre assistia filmes de ação e ficava encantado com as técnicas de câmera, efeitos práticos e a sequência de tirar o fôlego, pois na faculdade esses aprendizados não são tão aprofundados”, ressalta o diretor.
Bruno também comentou que se arriscar e não desanimar fazem parte do seu processo como diretor e do desafio proposto ao elenco, pois ambas produções foram gravadas de maneira improvisada, desde o roteiro até a parte prática. Isso porque a equipe não contou com todos os equipamentos normalmente usados para a execução de um longa, além de que outros não estavam em perfeito estado, como a câmera, tripé e abajur.
Por trás do Dois Conto
O longa-metragem que retrata a realidade dos moradores do bairro Vila Missionária, em São Paulo, é fruto do Tomada Periférica, grupo formado por 5 amigos da periferia da Zona Sul da cidade de São Paulo com o desejo coletivo de contar histórias.
A origem do grupo e de seus integrantes está ligada às vielas e cortiços das memórias do bairro e da vontade de criar e expandir a cultura na região por meio das telas do cinema.
Com o objetivo de transmitir a experiência de como funciona, de fato, uma produção audiovisual, o Tomada incentiva a criação de novos artistas e mostra que, sim, é possível transformar a periferia em Hollywood.