Na última semana, uma fotografia comoveu o mundo inteiro. O pequeno Omran, uma criança síria de apenas cinco anos, foi fotografado sentado no interior de uma ambulância, coberto de poeira e sangue, depois de mais um atentado na Síria.
A imagem foi compartilhada milhões de vezes por pessoas de todo o mundo, e se tornou mais uma das cruéis faces da guerra no oriente médio. Jornais republicaram a fotografia para tentar dar mais visibilidade ao caso, mas você sabe o que está acontecendo no país? Mesmo a mais completa das explicações não consegue mostrar a complexidade dos conflitos, mas nós te ajudamos a entender um pouquinho o caso.
Entenda o caso
Desde o início dos conflitos até março de 2014, mais de 140 mil pessoas já morreram. Dentre eles, muitos são crianças e mulheres, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.
A parte mais tensa dos embates se iniciou em março de 2011, durante a Primavera Árabe. As populações de diversos países como Tunísia, Líbia e Egito se revoltaram contra os governos autoritários de seus países, em especial contra o regime de Bashar al-Assad, ditador sírio. Depois de quatro meses, os manifestantes começaram a ser duramente reprimidos, e muitos deles recorreram à luta armada para dar continuidade à revolta.
O governo sírio fez movimentações estratégicas para tentar conter os revoltosos, como controlar grandes cidades, estradas importantes, e usar a fome e a miséria para forçar a população a aceitar seu lado.
Quais são os grupos que se opõem?
A oposição, no entanto, começou a se dividir em grupos rivais, tendo cada vez mais dificuldade em atingir o objetivo de derrubar o governo de Bashar al-Assad.
A maior parte dos rebeldes é islamita, e junto com a Frente Al-Nosra, que é um braço da Al-Qaeda na Síria, enfrentam o Estado Islâmico do Iraque e o Levante, que são jihadistas.
O Estado Islâmico, no entanto, avançou muito em território, divulgação e brutalidade, tomando conta de grandes áreas na Síria e no Iraque. Seus rebeldes enfrentam tanto os rivais da Frente e da Al-Qaeda, como o governo e outros países que entraram no conflito para tentar defender um dos lados.
Quais são os países envolvidos?
Em setembro de 2014, os EUA fizeram diversos ataques aéreos na Síria com a tentativa de enfraquecer o EI. No ano seguinte, foi vez da Rússia começar uma campanha aérea atingindo diversos lugares na Síria. O que os ativistas do oriente médio têm mostrado, no entanto, é que muitos desses ataques estão matando civis.
O jornal “The Washington Post” chegou a descrever o que ocorre na Síria como uma “mini guerra mundial“.
“Aviões russos bombardeiam pelo alto. Milícias iraquianas e libanesas com apoio de iranianos avançam em solo. Um grupo variado de rebeldes sírios respaldados por Estados Unidos, Turquia, Arábia Saudita e Catar tenta conter essas milícias“, escreveu o jornal. “Forças curdas – aliadas tanto a Washington como a Moscou – aproveitam o caos e expandem território. O (grupo extremista autodenominado) Estado Islâmico (EI) domina pequenos povoados enquanto a atenção se volta a outros grupos“, completou.
A dinâmica confusa dos conflitos não pára por aí. A intervenção de diversos países de fora do Oriente Médio torna ainda mais embaçada a compreensão sobre a guerra. Os Estados Unidos, por exemplo, discordam da Rússia com relação ao destino do presidente Assad, já que os americanos desejam que ele saia do poder, enquanto Assad é aliado dos russos.
E os governos árabes?
Outros países também defendem o governo de Bashar Al-Assad, como o Irã, que é uma das maiores potências militares e econômicas da região.
Já a Arábia Saudita e Turquia se opõem ao governo de Assad, e apoiam os Estados Unidos nos ataques contra o Estado Islâmico. Ambos também apoiam os rebeldes sunitas, fornecendo materiais bélicos para os exércitos que se unem para confrontar o ditador.
Nesse campo de batalha onde aliados e inimigos se confundem, quem mais perde é a população dos países do Oriente Médio. Pelo menos 250 mil sírios já morreram em quatro anos e meio de conflito armado, e mais de 11 milhões de pessoas tiveram que abandonar suas casas e se refugiar em outros países da região.
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