Começa nesta terça-feira (21), a primeira etapa da VCT Game Changers de 2023, o campeonato brasileiro inclusivo de Valorant. A disputa conta com oito equipes e tem início marcado para às 17h, com as quartas de final entre MIBR e Team Liquid.
A VCT Game Changers Brasil 2023 é o ponto de partida para a “VCT Game Changers Championship”, mundial de Valorant que acontecerá entre os dias 28 de novembro e 3 de dezembro. Desta vez, a edição será sediada em São Paulo. Por isso, além da disputa pelo título nacional, os times também terão que mostrar sua garra em busca da vitória e, quem sabe, do título mundial em casa.
Mas nada melhor do que descobrir as expectativas de quem vai participar, não é mesmo? Nós, da Alto Astral, conversamos com as meninas da Made in Brazil (MIBR) para saber um pouco mais sobre o sentimento de participar do campeonato e outras curiosidades sobre o mundo dos eSports. Leia e entenda tudo!
Tudo sobre Valorant e a MIBR
Se você caiu de paraquedas no mundo dos games, fique tranquila, pois nós te explicamos: Valorant é um jogo eletrônico multiplayer de tiros em primeira pessoa (conhecido principalmente como FPS). Criado em 2020 pela Riot Games, o eSport embalou a pandemia de muita gente, inclusive a das integrantes da MIBR.
A Made in Brazil (MIBR) é composta por Isabele “isa1”; Natalia “nat1”; Beatriz “biazik”; Paola “drn” e Daniela “daniops”. Além disso, o time conta também com Ian “shaW” (coach) e João “JP” (analista), que fazem parte da comissão técnica.
De lazer a profissão
Em entrevista, elas revelaram que o Valorant entrou na vida como hobby, mas que com o passar do tempo o game virou profissão. E as jornadas são diferentes. Para Isabele (27), o Valorant começou como mais um jogo, mas a empreitada deu tão certo que logo ela virou jogadora profissional. Já para Natalia (30), a trajetória foi um pouco diferente. A atleta chegou a ser profissional de outro jogo FPS.
“Eu joguei CS [Counter-Strike] por muito tempo e já tinha até me aposentado. Foi quando eu voltei a trabalhar com TI, que é a área que eu me formei. Daí quando saiu o Valorant, eu não aguentei. Gostei muito do jogo e quis voltar a competir. Me dediquei 100% e agora eu tô aqui”, revelou nat1.
Beatriz (23), comentou que o game virou profissão durante a pandemia. “Eu também jogava outro FPS por hobby e trabalhava com outra coisa. Quando lançaram o Valorant, que foi no início da pandemia, eu já não conseguia mais trabalhar [presencialmente] e ficava jogando. Acabou que deu certo”, disse em entrevista.
Para Paola ‘drn’ (22), o Valorant já surgiu como uma possibilidade de ingressar no mundo profissional dos jogos. “Foi bem no período de escolher faculdade. Eu conversei com meu pai sobre o lançamento de uma empresa grande e que eu queria tentar ser [jogadora] profissional. Ele concordou e disse que se eu não conseguisse naquele ano, eu começaria a faculdade no ano seguinte. E aí, estamos aqui até agora”, brincou.
Daniela (26), comentou que sempre esteve imersa no mundo dos games, por influência do pai. “Meu pai é designer de jogos, então desde pequena eu sempre tive contato com esse universo. Valorant começou como um hobby, mas hoje em dia eu sou completamente dedicada ao jogo”, explicou daniops.
Rotina regrada e entrosamento entre a MIBR
Como jogadoras profissionais, as meninas da MIBR possuem uma rotina puxada para praticar a modalidade. “Hoje nossa rotina de treino começa às 13h e termina às 20h. E aí quando a gente termina de jogar [profissionalmente], a gente continua jogando (risos). O Valorant virou o nosso hobby e a nossa profissão”, disse Paola.
Mas não são apenas as horas de treino que fazem um time ser bom. É necessário ter entrosamento também, principalmente em um jogo multiplayer. “A gente já se conhecia antes da MIBR. Então quando juntaram o time, nós passamos a ter mais intimidade”, comentou biazik. “Fora do jogo o entrosamento veio muito rápido também”, complementou daniops.
Expectativas para a VCT Game Changers Brasil 2023
Em seu primeiro confronto, a MIBR enfrenta o Team Liquid, atual campeã brasileira de Valorant. “A gente vem de uma campanha não tão boa nos qualificatórios. Mas sabemos que a gente pode muito mais! Então a expectativa é de chegar até a final e ganhar esse campeonato. Poder mostrar a MIBR que não apareceu tanto nas qualifies e apresentar quem é o nosso time de verdade”, contou nat1.
Inspirações e a MIBR do futuro
Entre as inspirações do time, as meninas rasgaram elogios umas as outras. Cada uma delas se inspira na outra por conta de sua trajetória dentro e fora de Valorant. Ainda assim, todas possuem muita consciência de que são uma inspiração também para quem acompanha o jogo, e lidam com isso de maneira muito responsável.
“Querendo ou não, a gente veio de um anonimato. Agora todo mundo consegue nos enxergar como profissional, então isso exige uma baita responsabilidade. Eu preciso me posicionar bem e passar coisas boas para as meninas que estão chegando agora. Às vezes dá um pouco de medo, de ser essa inspiração para alguém, mas no fim das contas, eu acho que é tranquilo. Se eu consegui estar aqui, outras meninas também conseguem”, apontou Isabele.
Atualmente, os games vivem um período de expansão entre os gêneros, mas ainda é possível perceber uma predominância masculina. Por isso, as meninas da MIBR se orgulham de “abrir o caminho” para outras mulheres das próximas gerações.
“Eu fico muito feliz por saber que elas não precisarem passar pelos ‘perrengues’ que nós já passamos antes. Saber se era profissão ou não, ter que brigar com os pais para mostrar que a carreira nos eSports era algo viável… Eu acho muito legal que hoje as meninas de 15 anos estão esperando completar 16 para disputar o primeiro campeonato, e não precisam passar por essas incertezas”, revelou Paola “drn”.
Já Daniela, diz não se inspirar em uma jogadora específica. “Todas [as mulheres] do cenário me inspiraram em alguma coisa e me fizeram ter vontade de seguir em frente”, confessa daniops.
Dando a volta por cima
“Biazik” também mostrou que era possível se pensar em alguém de fora do mundo dos games, quando revelou que se inspira na mãe. “Quando eu comecei a jogar Valorant, lançaram um campeonato para entrar na organização e minha mãe ficou sustentando a casa sozinha, em dois empregos. E eu falava: ‘não mãe, vou esquecer os jogos pra te ajudar’. Mas ela nunca me deixou desistir, sempre disse ‘eu confio em você e sei que você vai conseguir’. Ela confiou mais em mim do que eu mesma e isso fez com que eu me esforçasse ainda mais pra mostrar a ela que deu certo”.
A jogadora profissional de Valorant também se tornou uma inspiração para quem não tem tanto dinheiro para investir nos games. “Nesse meu primeiro campeonato, eu não estava em boas condições financeiras. Usava um monitor de 60mz e eu lembro que eu fui MVP [most valuable player; jogador mais valioso, em tradução livre] do campeonato. Depois que falaram que eu jogava com um PC todo ruim, eu recebi muitas mensagens de meninas que diziam ‘meu pc é igual ao seu, mas você conseguiu, então eu acho que também consigo’. Eu fiquei muito feliz quando isso aconteceu, foi bem ‘daora’”, revelou Beatriz.
Conselhos para as próximas gerações
“Tentar jogar muito jogo, juntar uns amigos, começar pelos campeonatos menores e fazer seu nome. Não tem como as pessoas te chamarem para um time se elas não sabem quem é você. Então o conselho é: apareça. Nas redes sociais, no jogo, porque assim você vai ser vista”, disse Paola.
“Você começa com mais baixos do que altos. Por isso você vai precisar acreditar em você mesma. Eu tenho uma frase que é ‘sem escuridão, nenhuma estrela brilha‘. Então, por mais difícil que seja, nunca desista!”, comentou Beatriz.
Por fim, isa1 aconselha: “acredite em você mesma! Mesmo sabendo que você não vai alcançar seu potencial máximo… Se você se dedica, se você tá ali todo dia, em algum momento a sua hora vai chegar. Chegou para todo mundo aqui. Eu vou sair e vai chegar alguém quinze anos mais nova do que eu. Tem espaço pra todo mundo!”