O termo “revenge quitting” (“demissão por vingança”, em tradução livre) tem ganhado destaque no mercado de trabalho. Fenômeno cada vez mais comum, ele ocorre quando profissionais pedem demissão impulsivamente, movidos por frustração ou ressentimento acumulado no ambiente corporativo.
Segundo Virgilio Marques dos Santos, especialista em desenvolvimento profissional e sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria, startup sediada no Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, esse tipo de decisão geralmente não é motivado por uma busca por novas oportunidades, mas por um desejo de protesto ou “ensinar uma lição” à empresa.
“Embora possa parecer libertador no momento, o revenge quitting é, muitas vezes, uma reação emocional e não estratégica, o que gera consequências significativas para a carreira e a estabilidade financeira do profissional”, analisa. “Essa atitude impulsiva, muitas vezes ligada a uma desconexão com os valores da empresa ou até a uma idealização de ‘grandes demissões’, prejudica a carreira de forma irreversível”, explica o especialista.
Planeje sua demissão
Embora abandonar o emprego possa ser uma decisão necessária em alguns casos, o especialista alerta para a importância de uma saída planejada. De acordo com Virgilio, rupturas abruptas comprometem o futuro profissional, e a forma como se sai de um emprego impacta as relações no mercado de trabalho.
“Antes de tomar decisões definitivas, os profissionais precisam refletir sobre o que está realmente causando o desconforto. Muitas vezes, a raiz do problema não está no trabalho em si, mas em situações pontuais que possivelmente seriam resolvidas com diálogo”, orienta.
Assim, buscar uma conversa aberta com lideranças ou colegas leva a soluções inesperadas, além de demonstrar maturidade e comprometimento. “Quando a saída é inevitável, o planejamento é essencial. Garantir uma transição segura, com outra oportunidade já alinhada ou uma reserva financeira, ajuda a evitar arrependimentos”.
Além disso, momentos de insatisfação também se revelam como oportunidades valiosas para o autodesenvolvimento. “É o momento ideal para buscar novos aprendizados, cursos ou mentorias, ampliando os horizontes para melhores oportunidades no futuro. Sair do que não nos serve mais é importante, mas o foco deve estar no futuro que queremos construir, e não em vinganças”, reflete.