A prática do bullying é um dos principais problemas que as escolas devem se preocupar, já que vem crescendo consideravelmente nos últimos anos. O ambiente escolar, onde deveria ser um local de segurança e proteção de estudantes, acabou se tornando um dos maiores palcos para esses comportamentos agressivos e de violência.
O bullying pode assumir diversas formas, podendo ser físico, verbal ou até mesmo digital com o acesso das crianças à internet. A longo prazo, as consequências desse comportamento se refletem na saúde mental dos envolvidos, prejudicando a autoestima e desempenho acadêmico deles.
A educadora parental Priscilla Montes explica que a agressão e violência não se configuram como a mesma coisa, já que um é um comportamento inato dos seres humanos. “A violência é quando a minha intenção é causar danos em outras pessoas, e a criança não tem essa intenção. A agressividade vem de uma emoção básica que é a raiva, que sinaliza para o corpo alguma injustiça ou um perigo, gerando a vontade de querer lutar, fugir ou atacar”, esclarece.
Durante a primeira infância, geralmente até os 7 anos, a agressividade aparece como uma característica funcional do corpo humano, já que é um sistema de defesa inerente do ser humano. “Além de ser natural da gente, a agressividade é esperada nos primeiros anos de vida, a função dos adultos é ajudar a acolher, redirecionar e canalizar esse sentimento”, diz Priscilla.
Bullying exige atenção
Um recente estudo realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) revelou que no Brasil, 14,8% dos estudantes adolescentes escolheram faltar às aulas por não se sentirem protegidos no ambiente escolar. Também foi apontado que 7,4% já foram vítimas de bullying e que 19,8% já praticaram a violência.
Os dados mostram que existe uma disparidade entre quem já fez bullying e quem já sofreu essa violência, revelando que há uma dificuldade na percepção de que determinados comportamentos podem ser classificados como bullying.
À medida que essa prática violenta continua ganhando força entre os estudantes, é fundamental que escolas e os responsáveis reconheçam a gravidade do bullying e adotem medidas mais eficazes contra esse problema.
“É essencial explicar para as crianças desde pequenas o que é o bullying e como isso pode afetar os colegas. Nosso dever é ensinar sobre o respeito, respeitando as crianças, através do acolhimento. Quanto mais apresentarmos a elas habilidades para responder aos estímulos do dia a dia, melhor elas vão ser em conseguir resolver conflitos”, aponta a educadora.
O que fazer?
De acordo com a profissional, o primeiro passo para enfrentar essa situação é marcar uma conversa com a escola para entender o que está acontecendo e estar disposto a compreender.
“Nesse momento, a escola e os pais devem agir em equipe para traçarem estratégias para lidar com isso. O bullying começa desde cedo e vai evoluindo, por isso é importante ensinar às crianças habilidades socioemocionais”, argumentou Priscilla.
No lado dos pais que o filho está praticando o bullying, no entanto, a intervenção deve ser diferente. Nesse caso, a educadora adverte que a reunião com a instituição de ensino é indispensável e que a escuta ativa é essencial para elaborar estratégias para melhorar esse comportamento.