O bullying e o cyberbullying são problemas que estão presentes na realidade de muitos jovens brasileiros. Em 2024, houve um crescimento de aproximadamente 12% nos registros desses incidentes, segundo os cartórios brasileiros. Essa tendência preocupa especialistas e autoridades, que buscam soluções para proteger a saúde mental de crianças e adolescentes.
A psicopedagoga e assessora escolar, Andrea Nasciutti, afirma que as consequências do bullying podem ser devastadoras, tanto para o alvo quanto para a família. De acordo com ela, as consequências dessa violência iniciam na infância e, geralmente, continuam em toda a vida adulta.
“Crianças que sofrem bullying têm muito mais chances de terem transtornos, problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão, estresse e abuso de substâncias químicas. Além disso, aumenta muito o índice de insucesso escolar, insucesso profissional e relações sociais mais precárias”, afirma a psicopedagoga.
Por ser contínuo e repetitivo, a especialista explica que essa violência impacta, aos poucos, a autoestima do alvo. A criança passa a se enxergar, gradativamente, com menos valor, menos possível de receber a ajuda dos outros e se sente cada vez mais sozinha, o que afeta os relacionamentos sociais também.
Como saber se meu filho sofre bullying?
Para saber se a criança ou o adolescente é vítima de bullying, a família deve analisar alguns fatores. Entretanto, geralmente, a criança apresenta uma mudança repentina de comportamento social ou acadêmico. Pode apresentar resistência para ir ao colégio, ter queda no desempenho escolar e até uma dificuldade de sair de casa para outros eventos, buscando estar cada vez mais isolado.
“A criança ou adolescente também pode ter alterações nos hábitos alimentares, apresentando pouca ou muita fome. Além disso, mudar a forma de se vestir, o que é uma característica normal dependendo da faixa etária, também pode ser um indicador. É importante investigar quando o jovem, por exemplo, começa a se esconder atrás de roupas muito largas ou usar capuzes e casacos mesmo quando está calor”, ressalta a psicopedagoga.
Segundo a especialista, a família também deve estar atenta às amizades do filho. É fundamental perceber se a criança tem, pelo menos, um grupo de amigos de confiança, no qual é convidado para ir à casa de algum colega ou a festas de aniversário, por exemplo. Ela enfatiza que todos esses sinais são apenas indicadores para ficar atento. Então, não necessariamente se uma criança ou adolescente está apresentando algum desses comportamentos, ele está sofrendo bullying.
“É uma conjuntura de fatores aos quais a família deve estar atenta e buscar conversar, buscar ter conexão e proximidade com o filho e perguntar, às vezes, se está tudo bem e ficar bem atento para ouvir da maneira que o jovem se expressar”, destaca Andrea.
Como lidar com o bullying?
Caso tenha identificado que seu filho sofre bullying, evite fazer cobranças em cima dele por não se defender. O jovem não tem esquemas mentais para a defesa em situações como essa, principalmente, porque o bullying gera um desengajamento moral e uma quebra de autoconfiança muito grande no alvo. Por isso, procure acolhê-lo e ofereça apoio emocional.
“O familiar, quando percebe que o filho é um alvo deve ajudá-lo por meio de conversas, comunicar imediatamente a escola sobre o que está acontecendo e buscar apoio psicológico para o jovem. Um especialista consegue trazer estratégias mais assertivas para fortalecer esse alvo e impedir que isso aconteça novamente”, reforça Andrea.
