É comum que, durante o inverno, muitas pessoas se sintam mais introspectivas e retraídas. A redução da luz solar, as temperaturas mais baixas, o ritmo desacelerado e o maior tempo em ambientes fechados são fatores que impactam diretamente a rotina e o bem-estar da população. No entanto, quando esses efeitos se tornam persistentes e afetam significativamente a qualidade de vida, pode haver um diagnóstico específico: o Transtorno Afetivo Sazonal (TAS), também conhecido como depressão sazonal.
O transtorno é mais frequente em pessoas que vivem em regiões com dias mais longos e invernos duradouros. Jovens adultos, entre 18 e 30 anos, também são mais afetados. A condição influencia diretamente os níveis de serotonina, neurotransmissor ligado ao humor, e de melatonina, que regula o sono.
Como consequência, podem surgir sintomas como tristeza constante, falta de energia, fadiga excessiva, distúrbios do sono, ganho de peso e isolamento social. Mesmo pessoas sem quadro clínico de depressão podem apresentar uma versão mais branda da chamada “tristeza de inverno”, que pode durar alguns dias, afetando sua energia e produtividade.
O que causa a depressão de inverno
A depressão sazonal é desencadeada pelas mudanças climáticas e redução de luz solar, porém aspectos nutricionais também podem ter associação. Isso porque, nos dias mais frios, a tendência é aumentar o consumo de mais alimentos calóricos e menos vegetais frescos, reduzindo a oferta de nutrientes, como triptofano, magnésio, zinco, vitamina D, vitaminas B6, B9 e B12, importantes para evitar quadros depressivos.
De acordo com a especialista em comportamento humano Gisele Hedler, “a deficiência de ferro, por exemplo, comum especialmente em mulheres, altera a formação de neurotransmissores, afetando diretamente o sistema emocional. Já o intestino merece cuidado redobrado, já que cerca de 90% da serotonina é produzida nele, ou seja, a pessoa com desequilíbrio na flora intestinal ou alimentação pobre em fibras e vegetais, pode comprometer sua saúde emocional”, explica.
Como lidar com o transtorno?
Segundo a especialista, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes no tratamento da depressão. Essa técnica envolve o reconhecimento de pensamentos automáticos negativos e a reestruturação cognitiva — processo que ensina o paciente a interpretar as situações de forma mais realista e equilibrada. Contudo, ela reforça que, mesmo diante de um diagnóstico da condição, além do uso adequado de medicamentos e acompanhamento médico, é possível melhorar o quadro com atitudes simples.
“Estamos mal acostumados com a ideia de que no inverno não conseguimos fazer nada. Embora seja natural descansar mais e ajustar alguns hábitos, é importante manter uma rotina ativa e buscar prazer nas pequenas recompensas que essa estação pode oferecer”, orienta Gisele Hedler. “Passar mais tempo ao ar livre, ler, socializar, praticar meditação ou técnicas de relaxamento são excelentes estratégias de enfrentamento”, finaliza a profissional.
