No mês de combate e prevenção do câncer de mama — conhecido como Outubro Rosa — os tutores de animais de estimação devem ter atenção quanto aos exames preventivos de seus pets. Isso porque, esse tipo de câncer também acomete os bichos, principalmente gatas e cadelas.
“O câncer de mama em animais ainda é um dos motivos pelos quais as fêmeas mais morrem no Brasil. De acordo com dados do Conselho Federal de Medicina Veterinária, a doença é muito comum em cães e gatos, atingindo cerca de 45% das cadelas e 30% das felinas”, afirma o médico veterinário Carlos Moraes.
Segundo o especialista, raças puras são mais suscetíveis ao surgimento de neoplasias. Algumas delas, inclusive, têm maior incidência de tumores nas glândulas mamárias, conforme apontam estudos. Entre elas, estão: Poodles, English Spaniel, Brittany Spaniel, Boxer, English Setter, Pionter, Fox Terrier, Boston Terrier e Cocker Spaniel. Por outro lado, as raças Rey Hound, Beagle e Chihuahua têm menor chance de desenvolver câncer de mama.
Como fazer o diagnóstico?
“A doença é silenciosa, mas nódulos mamários podem ser observados e apalpados pelo dono do animal. Por isso, recomenda-se apalpar com regularidade as mamas do pet. Além de caroço, vermelhidão, inchaço, mamas dilatadas e com secreção e odor desagradável também podem ser sinais do câncer de mama”, explica Moraes.
Após o diagnóstico, o tratamento do câncer de mama é bastante similar ao dos humanos. O tumor é retirado para biópsia e, caso seja agressivo, será feita radioterapia, imunoterapia e quimioterapia — procedimentos que aumentam a sobrevida do paciente e evitam o retorno de tumores.
“Para reverter o quadro, a mastectomia também pode ser feita no animal, ou seja, a retirada das mamas. Já a cirurgia é indicada em todos os casos, sendo de grande porte e de pós-operatório delicado”, acrescenta o especialista.
Como prevenir o câncer de mama nos pets
Moraes assegura que castrar é a melhor alternativa de prevenção contra o câncer de mama em pets, porque a presença dos tumores está diretamente relacionada aos hormônios circulantes, como estrogênio e progesterona. “A castração realizada antes do primeiro cio reduz o risco de desenvolvimento de câncer de mama para apenas 0,5%. Este risco aumenta significativamente nas fêmeas castradas após o primeiro cio (8%) e no segundo cio (26%)”, aponta.
Já a médica veterinária, Priscila Brabec, ressalta a importância da dieta do animal, pois, segundo ela, o excesso de peso é um fator de risco para o câncer de mama. “A obesidade em cadelas com idade entre 9 e 12 meses é um fator de risco para o desenvolvimento do tumor de mama, por isso a manutenção do peso é ideal nessa fase da vida e exerce efeito protetor contra essa neoplasia no futuro”.
Por isso, é essencial que os bichos tenham uma nutrição balanceada, já que o tipo de gordura presente na alimentação pode interferir no risco de câncer de mama. Conforme indicam estudos, dietas ricas em ômega-3, por exemplo, podem contribuir para a prevenção do surgimento de tumores mamários.
Além disso, levar o pet ao veterinário com regularidade é um outro meio de proteção contra esse tipo de câncer. “O acompanhamento periódico com o médico veterinário e a realização de exames de rotina ajudam na prevenção dessa e de outras doenças também. Alguns exames de sangue e de imagem são capazes de auxiliar no diagnóstico precoce das alterações neoplásicas antes mesmo dos primeiros sinais”, reforça Priscila.
Fontes: Carlos Moraes, médico veterinário e responsável pela Clínica Pigovet; Priscila Brabec, médica veterinária e gerente de Produtos de Nutrição da Avert Saúde Animal.