A depressão infantil é uma realidade muito presente na vida dos jovens, porém é pouco discutida nos dias atuais. Quando alguém está com crises de choro, dores no corpo, constantes apertos no peito e se isolando das pessoas ao seu redor, é bom ficar de olho, porque embora não seja tão comum quanto a depressão em adultos, as crianças também sofrem com o distúrbio, e, ao menor sinal, precisam ser diagnosticadas e tratadas adequadamente.
Não há um consenso entre os especialistas sobre a idade em que a depressão se inicia nas crianças, mas estudos mostram que o índice de depressão infantil no Brasil varia entre 0,2% a 7,5% para jovens com menos de 14 anos. Porém, é no início da adolescência, entre os 12 e 15 anos, que a fase é mais crítica, podendo, inclusive, surgir com o risco potencial de suicídio.
De acordo com Priscila Dossi, médica psiquiatra com especialização em infância e adolescência pela UNICAMP, quanto menor é a idade, maior é a dificuldade que a criança tem de descrever os seus sentimentos, ou seja, de reconhecê-los e colocá-los em palavras. "Com essa dificuldade de se expressar, em geral, é comum que a criança somatize o problema, por exemplo, se queixando de dores no corpo, como dores no abdômen ou de cabeça, camuflando os reais sintomas", explica.
Sinais e sintomas
A depressão não possui causa única, e sim uma variedade de fatores, incluindo, no geral, fatores genéticos e ambientais. O histórico de ambiente familiar desestruturado, abusos, privações ou perdas familiares vivenciadas muito cedo são grandes colaboradores para a depressão infantil.
Segundo Dossi, dores no corpo, xixi na cama com frequência, irritabilidade, perda do prazer em brincar, isolamento social, variações de peso, dificuldades de concentração, cansaço e medo excessivos, são alguns dos achados mais comuns.
Diagnóstico
Tratando-se de jovens, o diagnóstico é mais difícil, dependendo também da idade e da maturidade da criança como facilitadores. Todavia, alguns comportamentos podem indicar sinais de depressão não sendo definitivos, mas servindo de auxílio, como, por exemplo, a birra, natural em certa idade, ou à irritabilidade que também pode aparecer.
A psiquiatra explica que o diagnóstico é clínico, muitas vezes sendo feito por meio de uma avaliação interdisciplinar com diferentes profissionais, dentre eles o psiquiatra infantil e o psicólogo, podendo também haver medidas que possam envolver a família.
Tratamento
O tratamento, em geral, envolve terapia, que pode abranger, além da criança, a família e o ambiente escolar. A médica ainda explica que, caso necessário, o uso de medicamentos também pode fazer parte do tratamento, mas sempre com prescrição e acompanhamento de um psiquiatra infantil.
Lembre-se: se você notar esses sinais em alguma criança, não os ignore! Procure por ajuda antes que o quadro evolua.
Fonte: Priscila Zempulski Dossi, médica psiquiatra com especialização em psiquiatria infantil e adolescência pela UNICAMP.