Muito tem se ouvido falar sobre obesidade, já que ela é considerada uma comorbidade e seus portadores são grupo de risco para a Covid-19. No entanto, essa condição vem apresentando números exacerbados há muitos anos e não acomete apenas adultos.
Conforme mostram pesquisas recentes, as crianças têm sofrido cada vez mais com a doença: dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, de 2019, apontam que uma em cada três crianças (de 5 a 9 anos) está acima do peso, sendo 5% delas diagnosticadas com obesidade infantil grave.
Embora o resultado expressivo seja de dois anos atrás, a endocrinologista pediátrica Maria Luiza Azevedo, do Hospital Anchieta de Brasília, acredita na piora do cenário durante a pandemia e isolamento social. "As crianças se encontram com tempo maior de tela do que o indicado de duas horas por dia, mais sedentárias e estressadas, com sono irregular e alimentação pior em qualidade e quantidade", afirma.
A médica alerta que esse ganho excessivo de peso não é um fator de preocupação apenas para a Covid-19, mas também por predispor outras patologias, como hipertensão arterial e diabetes tipo 2. Por isso, ela ressalta a importância de cuidar do quadro: "é muito importante que os pais e cuidadores tentem melhorar essa rotina como um todo e continuar o acompanhamento com o pediatra e equipe multidisciplinar, de modo a prevenir a obesidade infantil".
Prevenção e tratamento
Olhar para a alimentação dos pequenos é a chave desse tratamento. Além de escolher alimentos saudáveis e ricos em nutrientes, optando sempre por verduras, frutas e legumes, e reduzindo o consumo de industrializados, vale ainda mudar os hábitos alimentares.
Ficar longe de celulares, tablets e televisões durante a refeição, aumentar o consumo de água e comer menos e melhor por mais vezes ao dia são algumas dicas nutricionais para ajudar nessa jornada de mudança do estilo de vida da criança.
Para a nutricionista Adriana Stavro, encorajar dietas saudáveis e explorar maneiras de aumentar a atividade física (considerando as restrições decorrentes da pandemia), são estratégias simultâneas para mitigar o ganho de peso.
Assim, é fundamental entender que essa prática se refere a qualquer movimento corporal que produza gasto energético acima dos níveis de repouso e não apenas a exercícios e esportes, segundo a coordenadora plena da Bodytech Asa Norte, Daniela Lopes.
"É importante que a criança pratique atividades desportivas para melhorar a saúde e a socialização, porém, deve-se tomar cuidado com as consequências de uma atividade física ou treinamento precoce e sem um acompanhamento adequado", alerta a profissional.
Daniela explica que os exercícios aeróbicos são essenciais no auxílio do processo de perda de peso corporal, como, por exemplo, caminhada rápida, corrida, pular corda, ciclismo e natação. Ela garante ainda que os benefícios vão além do emagrecimento, trazendo contribuições para as esferas emocional e social.
Portanto, a promover movimentação e reeducação alimentar, criando condições objetivas para sua realização, são os principais componentes de uma vida mais saudável entre crianças e adolescentes. "É de extrema importância cultivar desde a infância a necessidade da prática regular desses hábitos, destacando seus benefícios ao longo da vida", conclui a coordenadora.
Consultoria: Maria Luiza Azevedo, endocrinologista pediátrica do Hospital Anchieta de Brasília; Adriana Stavro, nutricionista; e Daniela Lopes, coordenadora plena da Bodytech Asa Norte.