Há mais de um ano, o mundo vem sofrendo diariamente a dor da perda de familiares, amigos e pessoas próximas, vítimas da Covid-19. Embora os meses tenham passado, lidar com o luto não se tornou mais fácil, afinal de contas, ninguém se acostuma com a morte, tampouco com a saudade.
A morte do ator e humorista Paulo Gustavo, na última terça-feira (4), levantou o debate sobre quantas pessoas vêm tendo as vidas bruscamente interrompidas pelo vírus e suas complicações. Assim como a família do comediante, quantas já choraram pela perda de alguém? Apenas no Brasil, a resposta é mais de 400 mil, segundo dados oficiais divulgados pelo consórcio de veículos e pela Secretaria de Saúde, sendo que algumas famílias foram ainda mais despedaçadas, já que mais de um membro foi perdido.
Mesmo sem o óbito, é comum vivermos preocupados com a possibilidade de alguém de nossa família falecer, o que acaba antecipando esse sentimento de tristeza. Diante desse cenário, torna-se imprescindível falar sobre o luto, é preciso que esse sentimento coletivo e diário seja compreendido.
E o que é o luto? É o sentimento inevitável de tristeza profunda pela morte de alguém. Mas, até quando devemos senti-lo? Existe uma maneira de aliviar essa dor? Quando é chegada a hora de buscar ajuda para essa tristeza? Para responder essas e outras perguntas com segurança, conversamos com a psicóloga Marilene Kehdi. Confira!
Aliviando a ansiedade
Marilene explica que o contexto de pandemia, assim como suas consequências, causaram um forte impacto no estado psicológico e emocional das pessoas, aumentando os níveis de medo, preocupação, ansiedade, tristeza e desencadeando doenças como a depressão, por exemplo.
Para lidar com essas condições, ela indica que se faça uma manutenção constante da saúde mental, evitando o bombardeio de notícias ruins, separando momentos do dia para o auto cuidado e não deixando de lado horas de lazer e relaxamento.
O luto precisa ser sentido
Apesar de muito doloroso, a psicóloga ressalta a importância de viver esse momento de modo a conseguir superar a perda. Trata-se de um processo difícil e com muitas emoções, porém essencial para o enlutado (a pessoa que está sofrendo o luto).
No entanto, é preciso estar alerta: essa tristeza não pode ser considerada uma depressão, mas se não for superada, poderá evoluir para esse caminho.
Lidando com a dor da perda
O principal conselho da profissional para tornar esse momento angustiante é ter uma rede de apoio, que ofereça acolhimento, conforto e um espaço seguro para que a pessoa. Assim, ela se sentirá confortável para desabafar e dar voz à sua dor, tendo em vista que o desabafo ajudará a amenizá-la.
Buscando ajuda especializada
A profissional explica que quanto maior for o vínculo do enlutado com o ente querido, maior e mais intenso será o luto. Dessa forma, o processo e a superação serão mais difíceis, podendo ser necessário buscar auxílio psicológico.
Como saber que é hora de procurar ajuda? "Quando a tristeza é intensa e persistente e surgem sintomas, como apatia e desinteresse pelas coisas, alterações no apetite e distúrbios do sono, por exemplo", orienta Kehdi.
Consultoria: Marilene Kehdi, psicóloga especialista em atendimento clínico.