Cerca de 4% da população brasileira sofre de Transtorno Bipolar. Normalmente a doença se manifesta na fase adulta, mas há uma parcela de jovens sofrendo com o transtorno – muitas vezes, sem saber. “Estima-se que um paciente leve, em média, dez anos e seja atendido por quatro diferentes profissionais até que receba o diagnóstico correto do transtorno bipolar. Isso acontece porque as pessoas, normalmente, procuram ajuda quando estão deprimidas, e é muito comum que, após melhorarem da depressão, abandonem o tratamento, impossibilitando o médico de analisá-las em outros momentos da doença”, explica Douglas Motta Calderoni, psiquiatra.
De olho nos sinais!
O diagnóstico em crianças e adolescentes é mais complicado, já que os sintomas podem ser facilmente confundidos com birra ou alterações comuns de comportamento. “Os sintomas não são claros, mudam mais rapidamente e são sensíveis ao ambiente em que a criança ou adolescente vive. São muitos fatores que precisam ser levados em consideração e, aliado a isso, muitas vezes os pais têm preconceito e demoram para levar os filhos a um psiquiatra, dando preferência a outros profissionais que nem sempre estão acostumados com esse diagnóstico, tornando a tarefa ainda assim mais difícil”, esclarece Douglas. Os sintomas, de acordo com a psicóloga Sandra Mara de Castro e Souza Costa, podem facilitar identificação do transtorno: alteração de comportamento, dificuldade em lidar com hierarquias, problemas de sociabilidade, isolamento frequente e aceleração da fala e do pensamento.
E o futuro?
Quando detectado em crianças ou adolescentes, essa dúvida pode surgir – e com razão. Se não tratado, o transtorno bipolar pode causar consequências imediatas e futuras. Queda no rendimento escolar, repetência, perdas sociais em relação a amigos, dificuldade de estudos, desqualificação profissional e envolvimento que pode levar a dependência de drogas e álcool são algumas das possíveis complicações do transtorno. “Temos o próprio prejuízo cognitivo, pois quanto mais tempo passa do diagnóstico, mais difícil fica o tratamento. E, com a cronificação da doença, pode ocorrer uma perda cognitiva, tornando tudo mais complicado”, finaliza o psiquiatra Douglas.
Saiba mais:
10 mitos sobre depressão e transtorno bipolar
Doenças mentais: veja os principais sintomas e formas de tratamento das mais comuns
Transtorno bipolar: o que é, como reconhecer e tratar
Dicas de leitura
Léa Biancamano indicou 4 livros para quem sofre com o transtorno ou conhece alguém que o tenha. Assim, você pode aprofundar os conhecimentos sobre ele.
*Enigma bipolar: consequências, diagnósticos e tratamento do transtorno bipolar. Autor: Teng Chei Tung.
*Uma mente inquieta. Autor: Kay Redfield Jamison.
*Transtorno bipolar na infância e adolescência. Autor: lee Ful.
*Não sou uma só: diário de uma bipolar. Autora: Marina W.
Texto: Bárbara Gatti/Colaboradora Consultoria: Douglas Motta Calderoni, psiquiatra; Sandra Mara de Castro e Souza Costa, psicóloga