Dentre muitos medos que chegam junto ao teste positivo de gravidez, o principal deles é o aborto. A preocupação constante e diária em saber se a gestação será levada em frente ou não acompanha a maioria das mulheres, sobretudo, aquelas que já apresentam algum problema de saúde.
Embora triste, vale ressaltar que a situação não é incomum: uma em cada 5 gestantes sofrem abortamento. Essas interrupções são consideradas aborto quando ocorrem até as 22 semanas e o feto pesa menos que 500 gramas, não sendo viável ainda que sobreviva fora do corpo materno.
“Existem vários tipos de abortos, como o retido, inevitável ou incompleto, completo e também o aborto de repetição — quando acontece três vezes seguidas. Entender as causas dessa reincidência é, inevitavelmente, uma das principais necessidades de quem passa por essa situação”, explica o ginecologista e especialista em reprodução humana Rodrigo Rosa.
Causas
Segundo o médico, com relação à genética, um bebê normal possui 23 pares de cromossomos e quando esse número se altera, para cima ou para baixo, o aborto pode acontecer. Esse evento pode ser ainda mais provável quando a mulher engravida em uma idade mais avançada, por volta dos 40 anos.
Além disso, Rodrigo destaca também outras condições que podem causar a perda, como alterações na anatomia do útero (bicorno ou septado), miomas que afetem a cavidade endometrial, formação de pólipos e adenomiose; distúrbios endócrinos, sendo, principalmente, a diabetes gestacional e a insuficiência do corpo lúteo, causada pela baixa progesterona; e pacientes com trombofilia, doença que favorece o surgimento de trombos.
Gestando após diversas perdas
“O primeiro ponto a ser considerado para se engravidar após episódios seguidos de aborto é procurar um especialista em reprodução humana. A partir da identificação das causas, o tratamento pode ser iniciado e realizado de diversas formas, de acordo com a necessidade de cada paciente”, orienta o ginecologista.
Outro ponto levantado pelo especialista é sobre a mudança de hábitos, como, por exemplo, recorrer à fertilização in vitro (FIV) para poder engravidar normalmente. Ele destaca que essa técnica consegue escolher embriões cromossomicamente normais e que a gestação deve ser minuciosamente acompanhada pela equipe de especialistas responsáveis. “A boa notícia é que, independentemente das causas do aborto de repetição, mulheres que recorrem ao procedimento possuem 70% de chances de engravidar e ter uma gestação saudável”, ressalta o especialista.
Fontes: Rodrigo Rosa, ginecologista obstetra, membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), é especialista em reprodução humana e sócio-fundador e diretor clínico da Clínica Mater Prime.