A Doutrina Espírita se tornou uma das religiões mais populares do mundo. Mesmo assim, ainda existem muitas questões que despertam dúvidas e curiosidades em quem não conhece os preceitos com mais afinco. Portanto, respondemos algumas das perguntas mais frequentes para esclarecer o Espiritismo:
Como surgiu o Espiritismo?
Em maio de 1855, após quase 30 anos dedicados ao ensino das ciências, o pedagogo francês Denizard Rivail – que mais tarde mudaria seu nome para Allan Kardec – recebeu o convite de um amigo para ver uma sessão das mesas rodantes ou girantes, na casa de uma senhora chamada Plainemaison. O fenômeno consistia em um móvel redondo com três pernas em que os participantes invocavam uma força sobrenatural.
Tal manifestação faria a peça se mover, com saltos ou giros, indicando respostas de acordo com alguns códigos definidos. Após ouvir diversos relatos sobre o assunto, Rivail resolveu investigar e descobrir o que causava tais movimentos. Como era membro da Sociedade de Magnetismo de Paris, o pedagogo partiu do pressuposto de que alguma força magnética poderosa era responsável pelos saltos das mesas.
Assim, ao ver com os próprios olhos o fenômeno acontecendo, decidiu estudar a fundo a comunicação com os mortos e as manifestações nesse campo. Em resumo, o professor Rivail empenhou-se na elaboração de um projeto que compreendesse a realidade baseado na fusão dos conhecimentos científicos, filosóficos e morais.
Como funciona o principio da reencarnação?
No livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo“, Allan Kardec afirma que “a reencarnação é a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo”. Apesar de arcaico e debatido por muitos pensadores ao longo da História, o conceito ainda gera polêmica. Para a doutrina kardecista, o espírito que errou não seria condenado a penas eternas como o conceito de inferno e purgatório, mas sim voltaria à vida corpórea para corrigir suas ações.
Ainda segundo o Espiritismo, a quantidade de reencarnações e o tempo que levam para acontecer dependem de dois fatores: a condição evolutiva e as suas necessidades. Isto é, quanto mais evoluído um espírito, mais tempo ele permanecerá no mundo espiritual. Dessa forma, o seu retorno à Terra só ocorreria mediante missões nobres em favor da humanidade.
Por que o espiritismo se popularizou tanto no Brasil?
Muitos fatores explicam a questão – a começar pelo caldeirão cultural brasileiro. Afinal, em um país onde as crenças africanas e indígenas perderam o foco pelo sincretismo do catolicismo dominante, ‘falar com os mortos’ era uma ideia propensa a ser aceita. Dessa maneira, quando o Espiritismo chegou ao solo tupiniquim na segunda metade do século 19, as explicações para casos extraordinários e assustadores foram vistas com bons olhos.
Além disso, a elite do Rio de Janeiro (então capital federal) reverenciava tudo o que vinha da Europa – especialmente de Paris. Com tamanha recepção, tanto entre as camadas mais baixas como entre os cidadãos prestigiados da corte de Dom Pedro II, o próprio Allan Kardec celebrou o sucesso de sua doutrina. Em uma edição de 1864 da Revista Espírita, o pedagogo afirmou “que a ideia espírita faz progressos sensíveis no Rio de Janeiro, onde ela conta com numerosos representantes, fervorosos e devotados”.
Apesar do êxito inicial, é preciso lembrar que boa parte da atual legitimidade do Espiritismo veio com Chico Xavier. Suas obras psicografadas o tornaram um dos médiuns mais emblemáticos de todo o mundo. Não à toa, o papel do Brasil frente aos rumos tomados pela doutrina espírita nas últimas décadas foi notório.
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Edição: Rafael Barbosa/Colaborador | Design: Gabriel Andrade/Colaborador