Desde o instante do nascimento até a hora da morte, o corpo e a mente passam por constantes transformações. Essas mudanças são individuais e se manifestam de maneira diferente em cada um. Dessa forma, é comum que as pessoas se preocupem tanto com o seu próprio prazer e, por esse motivo, passem por tantos momentos de aflições ao se depararem com obstáculos. Essa foi uma das questões trabalhadas por Sidarta Gautama durante seus anos de meditação: como evitar esse sofrimento e viver em harmonia com todos os seres? A resposta está nas quatro Nobres Verdades. Esses foram os primeiros ensinamentos de Buda que, posteriormente, deram origem a tantos outros princípios. Entenda e adote essas práticas iluminadas e liberte-se do desequilíbrio que lhe impede de ser feliz.
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Primeira Nobre Verdade
A primeira Nobre Verdade diz respeito às insatisfações básicas do dia a dia. Com a rotina, é comum que esse sentimento passe despercebido, mas diversos fatores nos levam ao “sofrimento” nessa verdade. Um amor perdido, o materialismo, problemas nas relações sociais, desarmonia com os desejos, com a natureza, uma doença… Esses são alguns exemplos de situações que pouco a pouco desestabilizam o corpo e a mente.
Como o ser humano é muito vulnerável, não se sabe ao certo quando uma experiência vai ser boa ou ruim. Caso aconteça a segunda opção, dificilmente enxergamos o que há de bom por trás disso e somos submetidos às angústias. E, enquanto uma pessoa se mantém envolvida nessa bola de neve, não consegue se desprender das amarguras do cotidiano.
Segunda Nobre Verdade
Na segunda Nobre Verdade é possível descobrir a causa dessa insatisfação. Ela surge, principalmente, da fixação que o ser humano possui em conseguir determinado objetivo. Nessa fase, alguns sentimentos negativos podem se sobressair, como raiva, cobiça e ignorância. Esses três sentimentos nos levam a um mundo irreal, com forte apego às ilusões que levam ao sofrimento. Por essa razão, viver nesse ciclo pode causar um envenenamento da mente, do corpo e do coração.
Para você entender melhor, podemos associar essa verdade ao diagnóstico de uma doença. Somente a partir da identificação do problema é possível encontrar a cura. Da mesma forma, apenas quando se sabe a fonte de sofrimento é que o remédio pode realmente fazer efeito.
Terceira Nobre Verdade
As duas primeiras Nobres Verdades se baseiam na causa do sofrimento: primeiro você nota que não está bem e, posteriormente, entende a existência do problema (a causa) e que ele pode ser dissolvido de sua vida. A partir disso, entra em vigor a terceira Nobre Verdade. Com ela, é possível eliminar o motivo da insatisfação. Nesse momento, percebemos que nem os bens materiais, as pessoas ou as experiências condicionadas estão ligados à felicidade. Assim, podemos reconhecer a verdadeira natureza que existe por trás das coisas e, consequentemente, de nós mesmos, já que não somos independentes delas.
Quando vivenciamos algo e isso termina, estamos cientes de que passamos por uma “felicidade condicionada” e isso já não causa nenhuma emoção. Nessa verdade, eliminamos a fixação, ou seja, cessamos qualquer atribuição às expectativas. Como consequência, alcançamos a lucidez e desistimos de buscar a perfeição, que só tende a prejudicar e degradar o ser humano.
Quarta Nobre Verdade
Para finalizar, a quarta Nobre Verdade foi estabelecida por Buda com o objetivo de nos levar à lucidez. Ela estabelece o Nobre Caminho Óctuplo (ou Nobre Caminho de Oito Passos). Esse estado é uma aplicação prática de todos os ensinamentos passados pelas outras Verdades e, além disso, proporciona a verdadeira liberdade, nos afastando da falsa felicidade. Nesse caminho, você encontra uma realidade onde é possível perceber em que e em quem se pode confiar.
Na Quarta Verdade, existem oito passos que podem ser seguidos a fim de encontrar a “visão correta” do mundo. São eles: refúgio (entender a “doença” diagnosticada na primeira Nobre Verdade e querer tomar o “remédio”); moralidade em corpo (não matar, não roubar, não cometer conduta sexual indevida); moralidade em fala (não mentir, não difamar, não falar rudemente, não falar inutilmente); moralidade em mente (não ter má vontade, fixação ou visões errôneas); inserção no mundo; compaixão; prática formal; sabedoria e iluminação.
Fonte: A Roda da Vida como Caminho para a Lucidez, Lama Padma Samten, Editora Peirópolis
Texto e pesquisa: Mayara Crepaldi/Colaboradora | Edição: Júlia Martins | Design: Aline Barudi