As pautas sobre pluralidade, diversidade de gênero e liberdade de comportamento tem ganhado cada vez mais notoriedade em rodas de conversa, na mídia e na indústria, em especial a da moda. Com isso, a construção de coleções pautadas no binarismo — que considera como gêneros apenas o masculino e o feminino — começam a parecer ultrapassadas.
A partir da premissa que a pessoa dita a roupa e não a roupa dita a pessoa, a moda agênero se apresenta como uma moda onde o indivíduo veste o que se sente confortável, sem a pré-determinação de que aquela roupa é para homem ou para mulher. “Um dos exemplos mais claros sobre moda agênero que temos no momento é o cantor Fiuk, que tem causado polêmica dentro da casa do Big Brother Brasil por gostar de incluir vestidos e saias ao seu guarda-roupa”, exemplifica Thayná Soares.
Apesar de não ser algo tão novo nas passarelas, visto que lá em 2015, um desfile da Gucci assinado por Alessandro Michele já trazia união de peças “de homens” e “de mulheres” de forma mais livre. Porém, é aos poucos que a indústria têxtil vem abrindo os horizontes para esse novo nicho de mercado. “Grandes percussores de fast-fashion como é o caso da Zara e da C&A já fizeram coleções denominadas agênero. Porém, muitas ainda se atentaram mais ao unissex, que é uma roupa que veste homens e mulheres e não uma roupa sem determinação. Apesar de tímidas, as iniciativas são válidas e abrem espaço para pensar como será a moda do futuro”, comenta a modelo.
O intuito do movimento não é roupas que vistam os dois gêneros “principais”, mas que não tenham um gênero definido, deixando o consumidor escolher o que lhe agrada mais. Ou seja, não há uma estética nem feminina ou masculina. “O comportamento dos consumidores também influenciam a questão. Mulheres buscam cada vez mais a sessão masculina, pois lá encontram mais conforto e peça menos estereotipada, já no caso dos homens, há um aumento na busca por roupas mais justas, cores diferentes e cortes mais ousados. A moda é apenas um reflexo do comportamento”, diz a especialista.
Para usar a moda, a regra é básica: vestir o que faz bem, independentemente do rótulo social que a peça carrega.
“Conjuntos de terninho estão entre os mais adotados por essa moda. Da mesma forma, as jaquetas jeans e as calças jogger, que não mudam nada de um gênero para outro, vem para mostrar que a moda agênero não é sobre algo que veste homens e mulheres, mas sobre vestir pessoas, sem restrições ou rótulos”, ensina Thayná.