Na pele do personagem Saulo, o ator retorna à telinha para se dedicar à trama do começo ao fim
Guia da Tevê: Há três anos você não fica em uma novela do início ao fim. Como está a sua volta a um papel fixo?
Werner: Pois é, desde Eterna Magia, em 2007, estou sem um personagem que fique no ar durante uma novela inteira. Mas fiz participações em Duas Caras e também em Beleza Pura. Nesta última eu fiquei um tempinho gravando. Depois de Beleza Pura, como eu tinha aceitado fazer aquela participação, pedi para que meu próximo trabalho fosse um projeto desde o começo. É diferente, você se encaixa melhor, seus colegas contracenam no processo de criação com você. Todo mundo está tateando, descobrindo o personagem. Mas quando você chega e todos já estão afinados, ninguém reage a você. Tem de sair dando porrada e aí é melhor fazer o malvado.
Guia da Tevê: O que vocês fez fora da tevê enquanto não tinha um papel fixo?
Werner: Fiquei fazendo cinema. Fiz um filme com a Lucélia Santos, Um Amor do Outro Lado do Mundo. Eram dois longas e eu fiz o primeiro. Uma co-produção entre o Brasil e a China. Fiz também A Hora e a Vez de Augusto Matraga, que é do Roberto Santos, onde interpreto um homem insuportável. Aliás, estou começando a achar que estou com cara de mau, porque estão me chamando para encarnar os tipos insuportáveis.
Guia da Tevê: Você está preparado para as piadas que vai ouvir dos marmanjos nas ruas?
Werner: O cara ainda é homófobo. O grande aliado da Maitê dentro de casa é o personagem do Júlio Andrade, que é gay. O Saulo fica tirando sarro dele, chama de bambi, gazela saltitante, de bichinha. E ele ainda é racista. Vai ser difícil sair nas ruas. Não vou ser campeão de cartas.
Guia da Tevê: Como é a relação do Saulo com os filhos?
Werner: Os filhos do Saulo são problemas na vida dele. O personagem do Cauã Reymond vai entrar em uma “trip” bem problemática e o do Kayky também. A história é muito legal. Tem muitas coisas acontecendo e só li até o capítulo 30. A gente lê com vontade.
Guia da Tevê: Por que o Saulo é assim?
Werner: Acho que o Saulo não se sente reconhecido pelo pai, pela mãe, pela mulher, pelos filhos e pelos irmãos.
Entrevista: Márvio Gonçalves
Foto: Zé Paulo Cardeal/TV Globo