As pílulas anticoncepcionais são bastante procuradas por muitas mulheres que optaram por autonomia no século 21. A pesquisa “Pílula por quê?”, realizada pelo departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em parceria com a empresa farmacêutica Bayer, mostrou que as brasileiras não pensam somente em evitar uma gravidez indesejada, mas também em encontrar um anticoncepcional que alivie os sintomas da TPM e do ciclo menstrual, como pele oleosa e cólicas.
“Ocorreu uma alteração na dosagem, na composição e na administração dos anticoncepcionais atuais, possibilitando um novo tratamento para a TPM. A redução na quantidade de hormônio ingerida pela mulher e ainda a alteração do progestogênio, que atua reduzindo o inchaço, vieram contribuir para melhorar grande parte dos sintomas fisicos, tais como a cólica, o inchaço das mamas, a sensação de peso no baixo ventre, além de reduzir o sangramento menstrual”, explica a ginecologista e obstetra Mara Diegoli, coordenadora do centro de apoio à mulher com tensão pré-menstrual do Hospital das Clínicas de São Paulo. Das mais de 4 mil mulheres entrevistadas, 48% afirmaram ter escolhido a pílula que iriam tomar por motivos além da contracepção. Mas como isso pode melhorar sua qualidade de vida?
Confusão hormonal
Fazer o uso regular e correto da pílula ajuda a reduzir severamente as variações hormonais presentes durante a TPM. A pílula anticoncepcional contêm baixas doses dos hormônios progesterona e estrógeno, que têm alterações críticas durante o ciclo menstrual. Com a ajuda do contraceptivo, ambos os hormônios se mantêm em baixos níveis, aumentando gradualmente, mas não atingindo os picos alcançados sem a intervenção do medicamento; retornando a reduzir os níveis gradualmente após a menstruação.
A progesterona pode ser considerada a culpada pela retenção de líquidos, por agir nos rins estimulando a reabsorção da água. Já o estrógeno está mais intimamente ligado às mudanças hormonais da mulher, por ter relação com a produção e ação da serotonina, o hormônio responsável por nossa percepção de bem-estar. Quando caem os níveis de estrógeno, caem os de serotonina também. Isso explica as variações de humor que acarretam diversas mulheres durante a TPM.
Sem pausas!
No uso da pílula anticoncepcional comum, existe uma pausa programada de 4 a 7 dias entre o final de uma cartela e o início da próxima. É nesse período que a mulher deve ficar menstruada. Mas, a mesma pesquisa do início da matéria relata que 72% das mulheres aboliriam essa pausa entre as cartelas. O que muitas mulheres talvez não saibam é que essa pausa é considerada desnecessária para a maioria dos médicos. A contracepção contínua é amplamente indicada por ginecologistas nos dias de hoje, principalmente para mulheres que sofrem com os sintomas da TPM para realizar ações cotidianas.
Efeitos colaterais
Como qualquer medicamento, o anticoncepcional também tem seus efeitos colaterais e grupos de risco. Para mulheres portadoras de diabetes, problemas hepáticos ou na tireoide, hipertensão grave e que já tiveram câncer de mama, o uso das pílulas é contraindicado; assim como para mulheres fumantes com mais de 35 anos ou com características que aumentem o risco de trombose ou infarto. Dores de cabeça, alterações nos vasos sanguíneos das pernas e enjoos são outros efeitos colaterais esperados. Para não ter dúvidas, o melhor mesmo é consultar um ginecologista que irá prescrever o melhor remédio para cada situação. Nunca tome um medicamento sem orientação médica.
Como funcionam seus hormônios sem o uso da pílula
A progesterona tem baixos níveis no início do ciclo menstrual e aumenta lentamente até a ovulação, onde há um pico hormonal. Mantém-se estável até a menstruação quando então cai rapidamente para nível zero. O estrógeno aumenta lentamente seus níveis até a ovulação, que é quando atinge seu pico. Em seguida os níveis do hormônio vão diminuindo devagar, e quando chega a menstruação, cai imediatamente para zero.
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Consultoria: Mara Diegoli, ginecologista e obstetra
Texto: Redação Alto Astral