Durante as férias escolares, o tempo livre pode representar muito mais do que descanso. Esse período também é ideal para reforçar estímulos cognitivos, sociais e emocionais nas crianças de forma leve e prazerosa, especialmente por meio da leitura e do envolvimento familiar.
De acordo com a Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (2020), do Instituto Pró-Livro, apenas 52% dos brasileiros são considerados leitores, um percentual que tende a cair com o passar da idade. Porém, incentivar o gosto pela leitura na infância não apenas amplia o vocabulário e o repertório cultural, mas também contribui diretamente para o desempenho escolar e a autonomia intelectual.
Para a neuropedagoga Mara Duarte, diretora pedagógica da Rhema Neuroeducação, o papel das famílias é fundamental para instigar a curiosidade das crianças e promover o seu aprendizado.
“Quando pais e responsáveis aproveitam o tempo das férias para ler com os filhos ou propor atividades lúdicas com livros, estão fortalecendo vínculos afetivos e ao mesmo tempo promovendo habilidades como a atenção, a memória e a linguagem”, explica Mara.
No entanto, a profissional ressalta que o desenvolvimento cognitivo não precisa estar atrelado à rigidez de uma sala de aula. “A aprendizagem se torna mais significativa quando é vivida com prazer e conexão emocional”, completa a especialista, que separou seis dicas práticas para incentivar as crianças a lerem durante as férias:
1. Crie um cantinho da leitura em casa
Separe um espaço confortável, com almofadas e luz natural, onde a criança possa explorar livros livremente. “O ambiente influencia muito no interesse pela leitura. Um espaço acolhedor pode se transformar em um refúgio de imaginação e conhecimento”, recomenda Mara.
2. Leia junto e faça perguntas sobre a história
A leitura compartilhada estimula o vínculo e desenvolve habilidades de compreensão. “Conversar sobre os personagens, prever o que pode acontecer ou relacionar a história à vida real amplia a capacidade crítica da criança”, afirma a especialista.
3. Varie os tipos de textos e mídias
Além dos livros físicos, é válido utilizar audiobooks, revistas, gibis ou até aplicativos educativos. “Diversificar as fontes estimula diferentes formas de atenção e linguagem”, orienta a neuropedagoga.
4. Monte uma “semana temática” com base em um livro
Escolha um livro central e planeje atividades ao redor do tema. Podem ser receitas, visitas culturais, desenhos e músicas, por exemplo. “Essa abordagem interdisciplinar ativa diversas áreas do cérebro e mantém o interesse da criança”, pontua Mara.
5. Incentive a criação de histórias próprias
Estimular que a criança crie suas próprias histórias, escritas ou desenhadas, fortalece a imaginação, a expressão e o raciocínio. “Quando ela inventa, ela organiza ideias, conecta informações e desenvolve autonomia intelectual”, explica a neuropedagoga.
6. Escolha livros conforme a faixa etária
Garanta que as histórias sejam adaptadas à faixa etária e aos interesses das crianças. Para os menores, livros interativos e cantigas são bem-vindos. Já entre os mais velhos, histórias de aventura, mistério ou biografias podem ser excelentes pontos de partida para conversas, dramatizações ou até projetos criativos como desenhos ou pequenas encenações.