O etarismo, ou seja, o preconceito em relação à idade, tem sido tema de discussões atuais e ganhou ainda mais visibilidade com as declarações recentes de Fátima Bernardes. Em depoimento ao quadro Isso tem Nome, do Fantástico (Rede Globo), a jornalista comentou sobre o "massacre" que sofre com frequência por namorar o deputado Túlio Gadêlha, 26 anos mais jovem do que ela.
Fátima, 65, e Túlio, 33, estão juntos desde 2017 e costumam postar fotos de momentos felizes juntos no Instagram. A sintonia entre os dois é motivo de admiração de muita gente, mas Fátima revelou no programa que, em algumas situações, o público dirige a ela frases "que muitas vezes são tentativas de elogio, mas que você percebe que aquilo (a aparência) é visto antes do que qualquer outra coisa".
"Acho que as mulheres que têm relacionamentos com homens muito mais novos é quase um massacre mesmo. E não vejo o mesmo tipo de comportamento quando você vê um homem mais velho namorando uma mulher bem mais jovem", lembrou a jornalista, ex- do âncora do Jornal Nacional William Bonner.
Os ataques são o reflexo do pensamento preconceituoso da sociedade machista, segundo a psicóloga Carolina Freitas, especialista em Sexualidade da Plataforma Sexo sem Dúvida. "Culturalmente, o homem não só pode como deve namorar mulheres mais novas e não o contrário. Uma mulher mais velha com um homem mais novo escancara para a sociedade a autonomia da mulher e a sexualidade feminina", afirma.
Não existe limite de idade para amar
Para Carolina, a mulher mais velha pode, sim, viver novas experiências de vida e sexuais. Não existe idade certa para se apaixonar e viver um romance, pois qualquer pessoa é capaz de sentir amor e afeto do nascimento à morte. "Para esse massacre real que as mulheres enfrentam, como dito pela Fátima, é preciso dar visibilidade a estes romances e dar apoio a essas mulheres. Não criticar a amiga já é de grande ajuda! E, ainda, entender que a diferença de idade pode fazer parte de qualquer relação. O preconceito deve ser combatido diariamente, pois prazer e felicidade é para todo mundo", ressalta a especialista
A psicóloga clínica Aline Saramago concorda e lembra que não temos como controlar o que os outros vão dizer ou pensar. "Apesar de fazerem mal a si próprias e aos outros, muitas pessoas seguem julgando e depreciando o semelhante. Cabe a nós alimentar a alegria e a gentileza para construir um mundo melhor", diz.
É o que Fátima Bernardes tem feito, ao assumir seu amor pelo parceiro mais novo e se permitir ser feliz, apesar da insistência alheia em nutrir o preconceito.