Com apenas 9 meses, Kauan Gonçalves Drabavicius recebeu o diagnóstico de um tipo raro de leucemia, curável apenas com o transplante de medula óssea. Sem doadores compatíveis na família, a esperança para que ele continuasse vivo estava nos bancos de medula, que cadastram voluntários de todo o País. Mas, com o baixo número de cadastros, as chances de surgir um doador eram comparáveis às de se ganhar na loteria.
Desesperados, os pais do menino, Simone e Sérgio, saíram à procura de um doador. Contataram amigos e parentes, falaram com desconhecidos e tiveram a ideia de disparar um e-mail para diversas pessoas pedindo ajuda. A mensagem foi se disseminando e, em pouco mais de um mês, o hemocentro da Santa Casa de São Paulo, para onde foram solicitadas as doações, registrou um aumento de 40% no número de novos voluntários.
Após 8 meses de luta, finalmente foi encontrado um doador compatível, porém de muito longe: Colorado, Estados Unidos. As chances de se encontrar um doador compatível em bancos de medula é de uma em 100 mil. O transplante foi realizado com sucesso e hoje o menino está curado. Descubra como você pode fazer a diferença em casos como o de Kauan.
Como funciona o transplante
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a medula óssea é um tecido líquido que ocupa o interior dos ossos (ela é popularmente conhecida como tutano) e tem a função de produzir os elementos do sangue: plaquetas e glóbulos brancos e vermelhos.
No caso de algumas doenças do sangue, como a leucemia, a medula óssea se encontra deficitária e uma opção de tratamento (muitas vezes, a única) consiste em reconstituí-la com a ajuda de uma nova medula, que deve ser totalmente compatível com a do paciente para que não haja rejeição. “Esta compatibilidade é determinada por um conjunto de genes localizados no cromossomo 6”, explica o instituto.
Segundo o órgão, os riscos para o doador são mínimos: sob anestesia geral, retira-se cerca de 10% da medula dos ossos da bacia. O procedimento dura cerca de 90 minutos e, dentro de 15 dias, a medula do doador se regenera completamente.
Passo a passo para se tornar um doador
1- Em primeiro lugar, faz-se um exame de sangue comum, a qualquer hora do dia, para detectar as características genéticas do doador. Retira-se cerca de 10ml de sangue e preenche-se uma ficha com suas informações pessoais. Qualquer pessoa com idade entre 18 e 55 anos e que não tenha doença infecciosa ou incapacitante pode ser voluntária.
2- O sangue é analisado e são verificadas características genéticas que podem influenciar o transplante.
3- Essas informações são registradas no cadastro do Inca, que inclui doadores e pacientes de todo o Brasil.
4- Se a medula for compatível com a de alguém que precise de transplante (as chances são de uma em 100 mil), o doador será chamado e submetido a outros exames que atestem seu bom estado de saúde. Não é preciso mudar hábitos de vida para doar.
5- A doação requer internação de pelo menos 24 horas. “Nos três primeiros dias, pode haver desconforto localizado, de leve a moderado, que é amenizado com o uso de analgésicos e medidas simples”, garante o Inca. Após uma semana, o doador pode voltar a suas atividades normais.
Aonde ir: procure a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) do Inca no seu Estado. Você será informada sobre o hemocentro mais próximo onde poderá fazer sua doação. Mais informações: (0xx21) 2506-6064.
Textos de Adriana Serrano
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