Quando se fala em terapias alternativas sempre há desconfianças, especialmente em relação a problemas de saúde que podem ser mais graves do que aparentam. E realmente é preciso ter cuidado, pois essas terapias devem ser vistas como auxiliares, jamais como substitutas de tratamentos reconhecidos pelas autoridades médicas tradicionais. Tanto o hiper como o hipotireoidismo se encaixam nessa situação. Em ambos os casos, deve-se consultar um médico, de preferência um endocrinologista, uma vez que pode ser necessário até mesmo uma intervenção cirúrgica.
Por outro lado, há terapias não convencionais que podem ajudar a minimizar os efeitos das disfunções da glândula, bem como a mantê-la saudável, prevenindo os problemas. Exemplos são a acupuntura, a homeopatia e a fitoterapia, terapias reconhecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Acupuntura
Um dos ramos mais antigos da medicina tradicional chinesa, a acupuntura tem entre seus fundamentos básicos o conceito de que o corpo humano é um sistema energético, no qual a energia flui através de canais chamados meridianos. Quando há um desequilíbrio ou bloqueio nesses canais, surgem os problemas e através do estímulo de pontos específicos, por meio de agulhas especialmente desenvolvidas para esse fim, busca-se restabelecer o equilíbrio.
Assim, a acupuntura pode aliviar os sintomas de quem sofre com a tireoide, seja ela hiper ou hipofuncionante. “O ideal é que as pessoas procurem a acupuntura antes de desenvolver essa patologia. Porém, as pessoas que já sofrem do problema podem se beneficiar dessa técnica”, afirma a dermatologista e acupunturista Miriam Sabino de Oliveira.
No entanto, deve-se esclarecer que não há um tratamento único. “Cada caso necessitará de estímulos em pontos diferentes. Quando há aumento de peso, existem pontos específicos para diminuir o edema e controlar o apetite. Se for palpitação, comum na hipertireoide, faremos pontos para o coração, para diminuir a frequência cardíaca. Também há pontos para aliviar o cansaço, o excesso de sono, etc.”, detalha a terapeuta.
Homeopatia
Apesar de se basear em princípios preconizados há milhares de anos, a homeopatia foi desenvolvida como especialidade médica apenas no século 18. A ideia central dessa terapia é a cura pelo semelhante, ou seja, o mesmo agente causador da doença tem a propriedade de eliminá-la. Mas isso é apenas uma definição simplista, uma vez que o médico homeopata deve fazer uma investigação profunda sobre o estado geral (e até o histórico de vida) do paciente antes de prescrever qualquer medicamento. Assim, torna-se impossível dizer qual seria o remédio homeopático mais indicado para qualquer problema de saúde.
Além disso, a homeopatia tem seus limites, especialmente em relação às doenças crônicas, como câncer e aids. Quando se trata de hipertireoidismo é possível obter bons resultados com a homeopatia, mas em relação ao hipotireoidismo, quando a glândula está comprometida ou foi retirada, a homeopatia não consegue repor os hormônios tireoidianos, portanto, sua eficácia é duvidosa.
Fitoterapia
Definidos pela Anvisa como “medicamentos obtidos a partir de plantas medicinais, empregando-se exclusivamente derivados de droga vegetal (extrato, tintura, óleo, cera, exsudato, suco, e outros)”, os fitoterápicos têm conquistado cada vez mais espaço como auxiliares em tratamentos de doenças crônicas e os problemas da tireoide não ficam de fora. “Em relação ao hipotireoidismo é tradicional o uso de algumas algas, em especial Fucus vesuculosus e Laminaria japonica (alga kombu). A argumentação é que são algas ricas em iodo, entretanto, a maior parte dos casos é secundário, ou seja, a redução da produção da glândula se deve à doença de Hashimoto. Nesses casos, a reposição hormonal é indispensável”, pondera o médico especialista em plantas medicinais Alex Botsaris.
A fitoterapia também ajuda a atenuar os efeitos secundários das síndromes tireoidianas. “Mesmo com a reposição de hormônios, alguns sintomas do hipotireoidismo podem persistir como aumento de peso, sensibilidade ao frio, sensação de bolo na garganta, etc. Nesses casos, um tratamento fitoterápico pode trazer melhora da qualidade de vida”, afirma Botsaris.
As ervas medicinais também podem ser eficientes para atenuar efeitos secundários do hipertireoidismo. “Eu já tive oportunidade de tratar casos de hipertireoidismo em que não podiam usar medicamentos normais por intolerância e não queriam fazer o tratamento cirúrgico. Existem algumas plantas que reduzem a capacidade de síntese de hormônio da tireoide. A que tem maior potência é o saião (Bryophyllum pinnatum), que pode ser usado em forma de suco. Também a Melissa officinalis tem efeito de reduzir a síntese de hormônio tireoidiano”, revela Botsaris. Mas é sempre oportuno lembrar que qualquer medicamento deve ser usado apenas sob prescrição médica e que nem sempre os resultados são os mesmos em todos os casos.
Consultoria: Alex Botsaris, médico especialista em plantas medicinais e Miriam Sabino de Oliveira, dermatologista e acupunturista.
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