Durante o final de semana, a cantora Marília Mendonça esteve entre os assuntos mais comentados no Twitter por conta de uma atitude preconceituosa durante uma live realizada no sábado (8). Os internautas a acusaram de fazer uma piada de mal gosto ao relatar uma história pessoal de um dos integrantes de sua banda. Mas afinal, você sabe o que é transfobia?
Durante seu show, Marília comenta que um de seus músicos esteve em uma boate LGBT em Goiânia, e dá a entender que ele se envolveu com uma mulher trans. “Disse… que lá foi o lugar que ele beijou a mulher mais bonita da vida dele. É só isso. O contexto vocês não vão saber”, comentou a cantora enquanto os outros integrantes davam risadas e soltam expressões como “Vixe Mari” e “Êeee”.
No entanto, a atitude dela não passou em branco, e houve muitas críticas nas redes sociais a respeito. A repercussão foi tanta que, nesta segunda (10), Marília publicou um pedido de desculpas no Twitter, em que diz: “Pessoal, aceito que fui errada e que preciso melhorar. Mil perdões. De todo o coração. Aprenderei com meus erros. Não me justificarei”. Mesmo assim, diversos influenciadores se posicionaram defendendo a causa LGBTQIA+.
Afinal, o que é transfobia?
Muita vezes passada despercebida ou tratada com naturalidade, a transfobia é todo e qualquer tipo de preconceito, aversão ou descriminação com pessoas transexuais. Essas atitudes vão desde agressões morais ou psicológicas, até a agressões físicas.
Pessoas transgêneros são indivíduos que possuem um gênero que não corresponde ao seu sexo biológico. Ou seja, ela pode ter nascido homem, mas se identificar como mulher. Isso acaba gerando uma exclusão muito grande por parte da sociedade, principalmente, por elas não corresponderem ao estereótipo do sexo masculino ou feminino.
“Somos seres que normatizamos a coletividade e acabamos sempre descriminando o diferente”, explica o Dr. João Borzino, 47 anos, médico sexologista. Além disso, pessoas transgênero também podem sofrer casos de homofobia, por conta da sua orientação sexual. Atitudes, como as da cantora Marília Mendonça, são mais comuns do que imaginamos, principalmente no Brasil, líder em assassinatos de transexuais em todo o mundo segundo levantamento da ONG Transgender Europe.
Frases como “você é linda, pena que não é mulher de verdade” ou “você fez cirurgia?” podem parecer inofensivas, mas acabam por invalidar a identidade de gênero dessas pessoas. É importante entender que nem sempre uma pessoa trans vai corresponder a sua idealização de como um homem ou mulher dever aparentar.
Muitos sofrem durante a sua transição e, às vezes, não recebem apoio nem mesmo dos familiares. Além de ser um processo intenso de autoaceitação, eles ainda tem que lutar para garantir o seu espaço e respeito na sociedade.
Para o doutor, a melhor forma de combater essa intolerância é dando visibilidade para essas pessoas. “A mídia pode colaborar explicando para as pessoas o que é um transexual, contando histórias de transexuais, superação de transexuais. Dá um reforço positivo para essas pessoas”, comenta.
E apesar do preconceito disfarçado de piada ser um grande problema, a transfobia já tomou proporções maiores. De acordo com um relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), em 2019 aconteceram pelo menos 124 casos de homicídios contra pessoas transgênero no Brasil.
É importante que, para esse tipo de preconceito ser combatido, a educação sobre o assunto comece desde cedo, seja em casa ou no ambiente escolar. “O que tem que ser ensinado é que o que vale é a personalidade e o caráter”, finaliza o doutor.
Empresas devem se atentar a inclusão no ambiente de trabalho e atitudes transfóbicas não devem ser admitidas entre os funcionários. Além disso, existem diversos ativistas que defendem as causas LGBTQIA+ nas redes sociais e que são ótimas fontes de informação.
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