O nome não é dos mais bonitos, você sabe o que é endometriose? Pois o nome combina perfeitamente com o problema a que se refere. Uma das características da endometriose é um quadro de dores agudas na região abdominal. Em geral, os sintomas são confundidos com cólicas menstruais, o que, inclusive, prejudica o diagnóstico. “Por muito tempo a mulher considerou normal sentir cólicas menstruais de forte intensidade e não relatar o problema ao seu médico”, lembra o ginecologista Fúlvio Basso Filho. E o problema tem muito a ver com a menstruação.
O que é endometriose?
O endométrio é o nome que se dá ao tecido que reveste a parte mais profunda do útero, onde o óvulo será abrigado após a fecundação. Quando não há fertilização, ou seja, a mulher não engravida, a maior parte desse tecido é eliminada junto com a menstruação, para voltar a crescer mais uma vez à espera de um óvulo fecundado. No entanto, pode ocorrer, e não é raro, de células do endométrio se alojarem em outras partes do organismo (em geral, na região pélvica, mas não unicamente). Acontece que essas células se multiplicam através de estímulos hormonais, que ocorrem a cada ciclo menstrual, provocando sangramento, em geral acompanhado de cólicas, também fora do ovário.
Sem prevenção
Devido às suas características, prevenir a endometriose é praticamente impossível, uma vez que a causa não está relacionada a hábitos alimentares ou comportamentais. O problema é que a ciência ainda não sabe exatamente por que o tecido endometrial não é eliminado totalmente junto com o fluxo menstrual. Por outro lado, alguns estudos apontam que a incidência da doença é menor entre mulheres que usam anticoncepcionais orais (pílula), uma vez que interrompem o ciclo menstrual. O número de casos tem aumentado cada vez mais em virtude das mudanças sociais. O que ocorre é que a mulher moderna tende a engravidar cada vez mais tarde, uma vez que busca uma estabilidade financeira, profissional e emocional antes de ter filhos. No entanto, nem todas usam o anticoncepcional oral e assim menstruam mais vezes, aumentando o risco de desenvolver endometriose, o que, inclusive pode dificultar uma futura gravidez, já que a doença é um fator de risco para a infertilidade.
A retirada dos ovários pode ser uma boa solução para a endometriose. FOTO: iStock
Investigando o problema
A maior dificuldade é obter o diagnóstico. No entanto, existem indícios que ajudam o médico a levantar a suspeita e iniciar uma
investigação detalhada. “Isso acontece em casos de queixa de muitas cólicas menstruais, de forte intensidade e com limitação das tarefas diárias. A partir disso, pode ser solicitado um exame de sangue para saber como está a dosagem de CA125, um marcador indireto da patologia. O ultrassom também pode ser muito útil em alguns casos, como nos endometriomas, que se localizam nos ovários. Mas o principal e mais preciso exame para confirmação do diagnóstico é a biópsia. Em geral, se obtém material para avaliação através de videolaparoscopia cirúrgica”, aponta o ginecologista.
Tratamento individualizado
Diagnosticado o problema é hora de tratar e, como ocorre com muitas doenças, não há um procedimento padrão para todos os casos. O tratamento vai depender de fatores como idade, intensidade dos sintomas, pretensões da paciente quanto à gravidez, localização do tecido endometrial fora do ovário, etc. “O procedimento varia conforme a gravidade da doença, o que, em geral, é definido pela videolaparoscopia, mas basicamente baseia-se no bloqueio ou suspensão da menstruação”, esclarece o ginecologista. O uso de medicamentos é indicado para as mais jovens e que desejam preservar a fertilidade. No entanto, caso haja algum tipo de lesão grave, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica. Nas mulheres que já tiveram os filhos que desejavam, pode ser decidido a retirada dos ovários e do útero, mas isso depende do local afetado pela doença.
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