Você já deve ter conhecido alguém que pratica ou já tenha tido algum contato com a meditação. No entanto, ao contrário do que muitas pessoas pensam, a prática da técnica não se resume apenas em esvaziar a mente e não pensar em nada.
Se você procurar no dicionário, vai encontrar o significado de meditação como “Ato ou efeito de meditar, reflexão; Oração mental; Contemplação religiosa; Pensamentos, estudos, reflexões”. Mas, por se tratar de uma técnica tão abrangente e que engloba diferentes vertentes de pensamentos, cada tipo de meditação e cada profissional da área defende uma ideia distinta. Porém, os objetivos são consensuais: bem-estar íntegro, equilíbrio interno e busca da realização pessoal.
1. O primeiro passo
Antes de tudo, é preciso compreender que, para meditar, deve-se objetivar tudo aquilo que você deseja melhorar em si mesmo. Depois desse passo, os benefícios do método se tornarão mais claros e, os resultados, efetivos em diversas áreas de sua vida. “O mais importante para começar a prática da meditação é estar realmente aberto para ela, sem julgar se é bom ou ruim, se gosta ou não gosta, se é fácil ou difícil. Não crie expectativas sobre como vai ser ou o que vai acontecer durante a meditação. Abra-se curiosamente para observar o que realmente acontece em cada minuto”, aconselha a professora de meditação Milca Ribeiro.
2. Um pouco mais a fundo
Para compreender um pouco mais sobre o que a meditação pode fazer por você, o terapeuta Adriano Saran conta alguns detalhes sobre como os objetivos da prática podem ajudar pela busca do equilíbrio interior. “A meditação é uma prática que tem como objetivo trazer a atenção do praticante para o aqui e o agora, fazendo com que ele experimente os acontecimentos da vida com mais integralidade, de modo a fazer com que as experiências advindas dos sentidos tenham mais profundidade. Ela tem sido utilizada também para trazer equilíbrio físico, emocional e psíquico”, frisa.
3. Sim, você pode!
Embora já saiba um pouco do que a técnica pode fazer pelo seu bem-estar, ainda podem existir algumas perguntas: “Qualquer pessoa pode praticar?”; “É necessário ter uma idade em especial?”; “Preciso frequentar um lugar específico ou posso meditar em casa?”. Esses e outros questionamentos você confere a seguir, todos com a consultoria de especialistas da área!
4. Enquadrando-se ao contexto
Se você já teve dúvidas sobre se irá ou não se encaixar em um grupo de meditação, saiba que não existem regras para quem quer começar a frequentar as aulas (a não ser algum tipo de limitação física que necessite de uma avaliação médica prévia). “Sim, qualquer pessoa pode praticar meditação. Você respira, certo? Então, você pode meditar! Simples assim”, afirma Milca.
5. Faixa etária recomendada
Nada de se achar jovem ou velho demais para começar: quanto antes, melhor! “As técnicas de meditação passiva podem ser praticadas por qualquer pessoa de qualquer idade, sem contraindicação. As técnicas que envolvem o corpo podem necessitar de algum cuidado maior, dependendo do tipo de exercício físico utilizado. A idade ideal para praticar é aquela que a pessoa sente desejo de começar”, tranquiliza o instrutor de meditação Saulo Fong.
6. Lugares para praticar
Se você achar que vai se sair melhor e focar mais participando de um grupo de meditação, não perca tempo! Afinal, com o incentivo de colegas, é possível ganhar uma força extra para não faltar aos encontros e, ainda, participar de momentos de integração. Mas, se a ideia é não sair de casa, não se preocupe: a meditação pode – e deve – ser realizada no próprio lar!
“O melhor é que você pode praticar em qualquer lugar, a qualquer hora, e não precisa de nada, nem de almofadas, nem incensos ou velas. Basta ter vontade de se autoconhecer e estar aberto para o que possa encontrar. Pode praticar sempre que sentir necessidade de se reconectar, e trazer mais paz, presença e serenidade para sua vida”, finaliza Milca.
7. Tipos de meditação
O termo meditação remete a uma técnica que visa restabelecer o equilíbrio interior, proporcionando mais bem-estar. Entretanto, é possível encontrar mais de uma versão dessa atividade, mudando algumas características. “Existem diferentes exercícios e técnicas para praticar e desenvolver o estado de meditação”, pontua o instrutor de meditação e técnicas meditativas Saulo Fong.
“Há exercícios que usam palavras, sons ou frases (mantras) para manter a mente no presente, enquanto outros utilizam uma imagem ou uma visualização para deixar a mente no agora. E há também aqueles exercícios que fazem uso de algum movimento ou sensação do corpo para manter a presença, como é o caso das técnicas que preservam o foco na respiração”, acrescenta Saulo.
Budismo kadampa
Quem opta por praticar essa vertente da meditação recebe o nome de meditadores urbanos. Nesse caso, o objetivo central é transmitir os ensinamentos de Buda à vida confusa e conturbada das pessoas. Para isso, é ensinado aos praticantes como fazer boas escolhas, transformando os pensamentos negativos em positivos, repletos de amor, paz e sabedoria.
Meditação transcendental
Essa técnica tem origem na tradição védica (uma das mais antigas do planeta) e consiste em buscar a fonte dos pensamentos do praticante. Para isso, o instrutor ensina a atingir níveis mais refinados da mente, sendo que cada aluno recebe um mantra próprio – dado após uma cerimônia de inicialização – para repetir durante as meditações.
É necessário que o aluno retorne ao local em que foi realizada a atividade durante três dias seguidos, para um período chamado de verificação, no qual ele tem a chance de compreender melhor o que acontece com o organismo e a mente enquanto medita. Depois que os ensinamentos são passados, cabe ao praticante meditar duas vezes ao dia, sendo que cada sessão deve durar, em média, 20 minutos – uma logo ao acordar e a outra à tarde.
Raja ioga
Para os seguidores dessa versão, a ideia é que a meditação não pode ser iniciada silenciando a mente que ainda está agitada. Por isso, o indicado é que a pessoa se desapegue de tudo à sua volta, desde barulhos até objetos que possam trazer energia negativa. Feito isso, é hora de começar o segundo passo: focar em um pensamento que traga boas energias. Depois, o meditador vivencia o sentimento gerado pelo pensamento escolhido. Com o tempo, o praticante será preenchido por uma paz interior, ou seja, a mente não fica vazia, apenas se torna mais plena.
Vipassana
O conceito defendido por esse tipo de meditação é que a natureza da mente é agitada e, para acalmá-la, é preciso utilizar a respiração como aliada. O aluno precisa se concentrar na inspiração e na expiração e, com isso, consegue purificar os pensamentos e torná-los mais tranquilos. Outras ferramentas podem ser usadas como foco na vipassana: a postura, as sensações no corpo e elementos naturais, como a água, são bons exemplos
Meditação tântrica
Os praticantes dessa vertente acreditam que as emoções e até mesmo as doenças físicas estão relacionadas a um chacra específico. A partir daí, são trabalhadas as energias do corpo e da mente, transformando as emoções negativas em estados positivos. O canto dos mantras em sânscrito e tibetano busca a autocura, acumulando boas energia, ou méritos, para a evolução no caminho espiritual.
Consultoria: Adriano Saran, terapeuta; Milca Ribeiro, professora de meditação; Saulo Fong, instrutor de meditação
Texto: Paula Santana e Larissa Tomazini