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O autoexame, aliado com outros métodos, são essenciais para detecção precoce e tratamento da doença, reduzindo o risco de morte. Saiba mais!
- Foto: Shutterstock

Outubro Rosa: detecção precoce diminui risco de câncer de mama

O autoexame, aliado com outros métodos, são essenciais para detecção precoce e tratamento da doença, reduzindo o risco de morte. Saiba mais!

Não é de hoje que existe a recomendação para que as mulheres façam o autoexame para detectar possíveis alterações na mama. Mas talvez seja, sim, mais recentemente que elas adotaram isso na prática. Com o empoderamento feminino e a queda – ainda que gradual – de preconceitos em torno do autoconhecimento, as mulheres vêm se tocando mais. E isso é muito importante na prevenção do câncer de mama, de acordo com Rayana Campos, ginecologista do Grupo Pardini.

“A mulher é a que mais sabe sobre seu próprio corpo. Então ela está apta para avaliar se surgiu algo diferente, se apareceu algum nódulo na mama ou na axila, se a coloração da pele apresentou alguma alteração ou se está com aspecto de casca de laranja, mais grossa e rugosa… Também é possível ver se acontece alguma retração quando movimenta a mama, eventuais feridas no mamilo, assim como a saída de secreção que não tem o aspecto leitoso”, afirma a especialista.

De acordo com a profissional, a orientação é sempre se olhar no espelho, ver como está a mama, avaliar o aspecto físico dela e fazer a palpação. Rayana orienta que o ideal é que esse processo seja feito logo após a menstruação porque, antes ou próximo ao período menstrual, a mama fica mais inchada e edemaciada. Na hora do autoexame, basta seguir as orientações da especialista: “Mantenha-se de pé, com os braços erguidos ou atrás da cabeça, e faça a palpação de toda a mama, com movimentos circulares”, explica.

Rayana enfatiza, no entanto, que, embora grande parte dos tumores seja descoberta pela própria mulher, o autoexame não é considerado pelo Ministério da Saúde como uma técnica adequada de rastreio de câncer de mama. Isso porque um método de rastreamento é aquele que reduz a morbimortalidade em termos de saúde pública e o autoexame pega lesões que já são clinicamente visíveis e palpáveis, ou seja, que estão em estágios mais avançados.

Detecção precoce do câncer de mama pode salvar vidas

Foto: Shutterstock

Método de rastreio

A mamografia é considerada um método eficaz, pois identifica lesões pré clínicas, entre 1mm e até 1cm. “A mamografia pega lesões precoces, o que permite melhorar o prognóstico das pacientes, fazer um tratamento mais conservador e melhorar a taxa de mortalidade”. De acordo com Ministério da Saúde, o exame deve ser realizado a partir dos 50 anos. Mas as Sociedades de Mastologia e Radiologia preconizam antes: que seja já a partir dos 40.

Segundo Eduardo Fleury, radiologista especializado em câncer de mama do Grupo Pardini, a ideia é que o exame seja repetido anualmente até os 75 anos de idade. Ele explica que o rastreamento do câncer de mama que começou a ser instituído com a introdução da mamografia na década de 80 no Brasil é o único feito no mundo de forma sistemática e com comprovação científica da sua eficiência.

Para as mulheres que têm histórico da doença na família, o acompanhamento deve ser iniciado ainda mais cedo. Se a paciente tem familiar que desenvolveu o câncer de mama aos 40 anos, por exemplo, ela deve iniciar o acompanhamento 10 anos antes, ou seja, aos 30.

“As pacientes que fazem rastreamento têm cerca de 30% a menos de risco de morrer de câncer de mama e estão aptas para terem tratamentos menos agressivos”, aponta Eduardo. Ele observa que no exame da mamografia, os principais achados são calcificação, nódulo e assimetria. Calcificação é um câncer que ainda não chegou a se desenvolver para um câncer invasor. Assimetria e nódulo podem estar relacionados a um câncer mais avançado.

“A grande vantagem da mamografia é que ela permite ver essas calcificações, que seria o câncer in situ, ou seja, que não chegou a se desenvolver ainda. Essas pacientes, em 50% das vezes, podem ter um câncer agressivo”, explica o radiologista. A descoberta no estágio inicial é, então, fundamental.

Ele acrescenta que, quando a mamografia vem alterada, a paciente sai de um exame de rastreamento para ir a um de diagnóstico. “Essas alterações podem ser melhor avaliadas com estudos complementares. A gente pode fazer magnificação ou compressão localizada pela mamografia, tem ainda o estudo de tomossíntese que melhor visualiza as assimetrias e distorções arquiteturais e o exame de ultrassom, que vai ver a característica do nódulo visto na mamografia: se é um cisto, um nódulo sólido ou um nódulo sólido-cístico”, explica.

Tendo toda essa avaliação inicial, a lesão será classificada como suspeita, benigna e se merece um controle maior. Tudo isso proporcionará à paciente melhor qualidade de vida e mais saúde.

Teste genético pode ser um aliado

Embora não exista uma única causa específica para o desenvolvimento do câncer de mama, você sabia que ele pode ser genético? É sabido cientificamente que quando há uma mutação nos genes que compõem o DNA de cada indivíduo as chances de desenvolver a doença são ainda maiores. Caso a mulher tenha uma alteração genética nos genes associados à doença, o risco de desenvolvê-la é nove vezes maior do que o da média da população geral. Cerca de 5% dos casos de câncer de mama e de ovário são causados por alterações genéticas.

Um levantamento da Sociedade Brasileira de Mastologia revelou que uma em cada 12 mulheres terá um tumor nas mamas até os 90 anos de idade. O risco sobe para 72%, se houver uma alteração no BRCA1 (gene humano que protege o corpo do aparecimento de cânceres), enquanto na população em geral é de cerca de 9%; e para 69%, caso haja uma variante no BRCA2. Como trata-se de uma predisposição para doença genética, se a mulher apresenta uma variação em um dos dois genes, há 50% de chance de outra pessoa da família de primeiro grau ter a doença.

Já o estudo da Universidade Queen Mary, de Londres, publicado na revista científica Cancers, estima que identificar mutações genéticas poderia prevenir entre 2.319 e 2.666 casos de câncer de mama a cada 1 milhão de mulheres. “Ou seja, conhecer essa predisposição o quanto antes pode ser considerado uma oportunidade de vida e não uma sentença de morte, já que essa informação permite agir na hora certa e ter diferentes possibilidades para um diagnóstico precoce, se for o caso – o que aumenta a taxa de sucesso no tratamento e de cura”, comenta Cesário Martins, diretor do meuDNA, healthtech de mapeamento genético.

Informações genéticas: aliada da prevenção

O avanço da tecnologia genética no Brasil possibilitou o acesso das pessoas aos seus dados biológicos. O teste de mapeamento genético é um exemplo disso ao revelar, por meio de uma amostra de saliva, a predisposição a nove doenças hereditárias, entre elas a propensão ao câncer de mama (feminino e masculino), por exemplo.

O site meudna.com oferece o kit meuDNA Saúde, por aproximadamente R$ 1 mil. Ao receber o kit em casa, o usuário faz a coleta do material genético (com cotonete apropriado) e envia a amostra ao laboratório pelo correio. No laboratório, especializado em Sequenciamento de Nova Geração (NGS), o DNA é analisado através da tecnologia Exoma, que faz um sequenciamento completo dos genes.

Por meio de inteligência artificial e bioinformática, as informações são comparadas com bancos de dados genéticos, para definir quais são as variantes genéticas que podem causar doenças. Em semanas a pessoa recebe um e-mail com as informações sobre o seu DNA e a predisposição de nove doenças como colesterol alto, triglicerídeos altos, doença de Wilson cânceres de ovário, próstata, endométrio, colorretal e o de mama (masculino e feminino).

O Exoma é a tecnologia é capaz de analisar todas as letras que compõem os genes associados às doenças. No caso do Câncer de Mama e Ovário, por exemplo, são analisadas todas as 15 mil letras dos genes BRCA1 e BRCA2, para identificar eventuais alterações genéticas associadas à doença. “Ter acesso a essas informações com certeza faz toda a diferença para o combate à doença, pois essa é uma forma revolucionária de lidar com a enfermidade antes mesmo que ela apareça. É o tratamento dando seu lugar para a prevenção”, acrescenta Cesário.

Crédito: Revista MALU

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