A constatação de que a depressão é um dos mais sérios transtornos mentais existentes reside no fato dos estados depressivos estarem devidamente presentes e descritos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), o guia base para todos os psiquiatras e psicanalistas.
Mas, afinal, no que consiste esse transtorno? “A depressão caracteriza-se por um quadro psicopatológico em que há presença de humor triste, vazio, e que afeta significativamente a capacidade funcional do indivíduo”, destaca Valéria Lopes da Silva, professora do curso de psicologia. “Encontra-se nos quadros depressivos uma dificuldade de atribuir sentido à vida ou de dar novos significados às experiências. Pode ocorrer em função de um trauma, mas principalmente porque seus recursos internos estão, por alguma razão, empobrecidos naquela circunstância”, diz.
Assim, a pessoa que está doente não consegue lidar efetivamente com questões como fracasso e frustrações, por exemplo, e acaba abrindo mão de sua existência, que se torna um verdadeiro fardo. “No fundo, todas as depressões comunicam que o sujeito experimenta uma ausência de sentido para aquele momento da vida, e uma dificuldade de sustentar seu desejo”, destaca a profissional.
Como identificar a depressão?
Para detectar esse transtorno tão sério, é necessário observar atentamente. “Podemos identificar por meio do grau de comprometimento da rotina, de como afeta as atividades do indivíduo, e por meio do tempo de duração deste comprometimento”, resume o psicólogo Carlos Esteves.
Ou seja: quem termina um relacionamento ou perde o bicho de estimação pode apresentar inúmeros sintomas de tristeza como choro, reclamações e desânimo — mas isso não necessariamente faz a pessoa paralisar totalmente suas atividades.
“Quando observamos um alto grau de comprometimento da rotina, juntamente com um período de mais de duas semanas dos sintomas, devemos ficar atentos”, finaliza o profissional.
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Consultorias: Beatriz Breves, psicanalista, fundadora e presidente da Sociedade da Ciência do Sentir, no Rio de Janeiro (RJ); Carlos Esteves, psicólogo especialista em análise do comportamento; Carolina Careta, psicóloga clínica; Valéria Lopes da Silva, professora do curso de psicologia da Faculdade Anhanguera de Anápolis (GO).
Texto: Victor Santos – Entrevistas: Ricardo Piccinato – Edição: Augusto Biason/ Colaborador