Agenda cheia de compromissos, como aula de idiomas, música e esportes, além da escola regular, mudanças no corpo e o início de responsabilidade e pressão social. Não é à toa que a fase vivida, geralmente, entre os 13 e 18 anos, é uma das mais complicadas na vida de qualquer pessoa. Uma pesquisa com jovens de oito a 16 anos realizada pela organização de proteção infantil Children’s Society, no Reino Unido, apontou que uma em cada 11 adolescentes está infeliz. Essa insatisfação pode ser o início de um quadro de depressão. Segundo especialistas, a doença costuma aparecer pela primeira vez em pessoas com idade entre 15 e 19 anos.
Alerta ligado
A depressão tem como característica possuir vários sintomas e nem todos, necessariamente, se manifestam em todos os pacientes. No caso dos adolescentes, os sinais ainda se confundem com comportamentos comuns desta fase, como o isolamento e a ansiedade.
“Cada fase da vida desperta diferenças de conflitos emocionais e também de cargas neuroquímicas que influenciam no início e na manutenção da doença. Na realidade, cada caso contém a sua especificidade em termos de conflitos emocionais que podem gerar a depressão. Adolescentes, muitas vezes, desenvolvem esse quadro devido a conflitos de insatisfação corporal ou social”, explica a psicóloga Marina Delduca Cilino.
Dessa forma, muitos sintomas que aparecem em adultos nem sempre indicam depressão no adolescente. “Por se tratar de uma fase atípica, com mudanças hormonais intensas, o adolescente pode apresentar os sintomas e não estar depressivo. Mas, em caso de dúvida, é melhor procurar um psicólogo”, destaca a psicóloga Miriam Barros. Os principais sinais que merecem atenção são:
- Isolamento;
- Desânimo;
- Sono desregulado (em excesso ou em falta);
- Fome desregulada (em excesso ou em falta);
- Evitar sair de casa;
- Irritação com frequência;
- Abuso de bebidas e/ou drogas.
De acordo com Miriam, o diagnóstico costuma ser mais difícil do que no adulto, justamente por os sintomas se confundirem com a fase de mudanças do jovem. Mas, uma vez diagnosticada a doença, o tratamento é similar ao de adultos, por meio da psicoterapia e de medicamentos, se necessário.
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Texto: Natália Negretti – Edição: Augusto Biason/Colaborador
Consultorias: Beatriz Acampora, Marina Delduca Cilino e Miriam Barros, psicólogas.