A palavra cleptomania foi estabelecida há mais de 200 anos para especificar o impulso de roubar objetos desnecessários ou de pequeno valor. O psiquiatra suíço Andre Matthey foi o primeiro a usar o termo klopemanie para designar os ladrões que roubavam, de forma impulsiva, itens dispensáveis devido a certo grau de insanidade. Ao longo da história, médicos franceses alteraram o termo para kleptomanie, nomeando o comportamento caracterizado por impulsos inevitáveis e involuntários de realizar furtos. Eles defendiam a opinião que a pessoa era “forçada a roubar” devido a um distúrbio mental e não devido à falta de consciência moral.
Atualmente, uma pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que somente 5% de pessoas que praticam furto possuem o transtorno. Entre a população em geral, o distúrbio atinge cerca de seis a cada mil pessoas.
Em detalhes
A cleptomania não é considerada uma doença pela OMS. Trata-se, na verdade, de um transtorno de personalidade caracterizado na categoria dos Transtornos do Controle dos Impulsos — qualificados pela incapacidade do paciente em lidar com compulsões e impulsos.
A principal característica do problema é o ato de roubar ou se apropriar indevidamente de objetos de outras pessoas que, geralmente, são itens sem muito valor. Assim como no Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), é comum que o indivíduo tenha sentimentos desagradáveis antes de realizar o ato.
Após o furto, uma intensa sensação de alívio ocorre. “Esse sentimento é muito parecido com o que acontece no TOC em relação aos rituais, ou seja, o paciente precisa exercer o ritual obsessivo, como checar, contar, pensar em arrumação, simetria, limpeza… Do contrário, ele se sente extremamente ansioso”, explica o psiquiatra Rodrigo Pessanha.
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Consultorias: Paulo Miguel Velasco, psicanalista clínico e professor de psicanálise; Rodrigo Pessanha, psiquiatra.
Texto e entrevistas: Jéssica Pirazza/Colaboradora – Edição: Augusto Biason/Colaborador