“Desapega!”. Quase todo mundo já ouviu esse conselho alguma vez na vida, geralmente de algum amigo ou amiga dando aquela força nos momentos mais complicados. Faladas assim, numa situação de consolo, nem dá para perceber direito, mas essas oito letras caracterizam um dos maiores desafios do ser humano: o desapego. E você sabia que o seu cérebro pode estar envolvido nesse processo de apego e desapego?
Cérebro: apego e desapego
É possível encontrar em nosso próprio cérebro explicações para o ato de apegar-se às coisas. “O apego é essencialmente uma atitude que se protege de perdas”, relata o neurologista Martin Portner. Segundo o estudioso, algumas áreas do cérebro estão intimamente ligadas a esse processo. “Há uma estrutura cerebral ancestral denominada amígdala, da qual possuímos um par, que visa proteger o ser humano para situações que são consideradas de risco de perda”, explica.
Por sua vez, em casos mais sérios, como no de transtorno de acumulação compulsiva, pesquisadores do Instituto de Psiquiatria de Londres, da Universidade Tecnológica de Dresden e do Instituto de Radiologia da Universidade de São Paulo identificaram que as áreas cerebrais ínsula e do córtex cingular anterior são disfuncionais e dificultam o desapego.
Seja nos casos menos ou mais sérios, o neurologista alerta que “o mecanismo do desapego de bens e objetos – tema aparentemente simples na superfície – exige ampla e complexa modificação das energias que unem determinados circuitos do cérebro”. Ou seja, a questão pode ser fisiológica mesmo.
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Consultorias: Giridhari Das, coach, palestrante, autor e instrutor no campo da autoajuda, autorrealização em yoga e consciência de Krishna; Helô Costa, jornalista, especialista em organização e fundadora do Da Porta Pra Dentro (www.daportapradentro.com.br); Julieta Guevara, psiquiatra e diretora da Clínica Neurohealth, em São Paulo (SP); Martin Portner, neurologista, escritor e palestrante; Semadar Marques, educadora, especialista em empatia, propósito de vida e inteligência emocional.