Quando vemos crianças brincando sozinhas ou umas com as outras, não imaginamos a aprendizagem que isso significa naquele instante. Além da diversão e do momento lúdico, indispensável a qualquer pessoa, o ato de brincar promove um desenvolvimento saudável e faz com que essas crianças se tornem adultos sociáveis, criativos e mais felizes. “Esconde-esconde, bonecas, elefantinho colorido, carrinhos… brincadeiras que fazem parte do cotidiano da maioria das crianças as ensinam defender-se, competir, cooperar, experimentar, organizar, criar, discutir, enfrentar situações inesperadas, errar, saber sobre as suas competências, conviver com os amigos diferentes e valores“, explica a psicóloga Paula Freire.
Assim se observa como é importante garantir esse direito da criança, tanto em casa, como na escola. É nesse momento que acontecem as descobertas que abrirão amplos horizontes na vida dos pequenos. A antropóloga e educadora Adriana Friedmann salienta que as brincadeiras são o canal que as crianças têm para se expressar, compreender o mundo, apreender os seus objetos, espaços e interagir. É a forma que as crianças têm de socializar umas com as outras e ter diversidade de experiências, descobrir habilidades e potenciais.
Tipos de aprendizagem
- Aprendizagem motora, espacial, sensorial, que diz respeito ao corpo no ambiente. “Enquanto brinca, a criança vai conhecendo e desenvolvendo a sua capacidade física (destreza, habilidades, precisão de movimentos, força, fôlego, etc)”, afirma.
- Aprendizagem social, pois, brincando, aprende-se a conviver, criar e respeitar regras coletivas, negociar, aceitar e discutir divergências, assumir e desempenhar papéis e, socializar-se.
- O estímulo à imaginação, que vai enriquecer o que chamamos de ‘mundo interno’ da criança, onde ela buscará recursos criativos para as situações novas da vida.
Não tem idade
As crianças podem brincar até quando quiserem. “As brincadeiras irão transformar-se: o faz de conta em representações teatrais, a exploração de materiais em pesquisas científicas e assim por diante”, afirma Adriana. Um fator importante é o adulto que não brincou na sua infância. “Isso provocará lacunas emocionais, sociais e cognitivas na adolescência e fase adulta”, diz a educadora. A falta dessa atividade provoca frustração, baixa autoestima, agressividade, introversão e uso de drogas.
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Consultoria Adriana Friedmann, antropóloga e educadora; Paula Freire, psicóloga