A depressão não é brincadeira. Segundo a Organização Mundial da Saúde, ela é a doença mais incapacitante do mundo. E superá-la não é tarefa fácil. Em primeiro lugar, indicam os especialistas, é preciso deixar claro que o ato de aceitar que se está em um quadro depressivo não é fácil. “A depressão é um processo muito íntimo, no qual a pessoa rejeita qualquer coisa que venha de fora do seu mundo interno”, explica a psicanalista Cristiane Vilaça.
Muitas vezes, essa dificuldade de assumir o momento difícil também acaba influenciando na capacidade de comunicação. A psicanalista Beatriz Breves complementa que, na maioria dos casos, “isso ocorre porque a pessoa deprimida, geralmente, não consegue encontrar força nela mesma para solicitar ajuda”.
Nessa fase, sem conseguir reconhecer a necessidade de recorrer a outros indivíduos, ele se fecha cada vez mais; e é aí que o quadro gera mais preocupação. Segundo Cristiane, a busca por apoio tardia é prejudicial porque “a pessoa com depressão só irá entender que está em uma situação que necessita de ajuda quando a dor emocional já se tornou insustentável”.
O poder da família
Vencer a depressão sem apoio é uma tarefa muito complexa. Segundo a psicanalista Beatriz Breves, “é importante que a pessoa seja compreendida, não se deixando levar pela impotência que às vezes essa situação impõe”. Por isso, a família tem um papel fundamental no suporte ao paciente depressivo, já que juntos podem desenvolver mais consciência sobre o transtorno. “Os familiares devem procurar informação e conhecimento sobre a doença, saber os benefícios do tratamento e os riscos de não realizá-lo”, ressalta o psicanalista Paulo Paiva.
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Consultorias: Beatriz Breves, psicanalista e fundadora e presidente da Sociedade da Ciência do Sentir, no Rio de Janeiro (RJ); Cristiane Vilaça, psicanalista; Júlia Bárány, psicanalista; Maria Cristina de Stefano, psiquiatra; Paulo Paiva, psicanalista, coach e especialista em gestão de pessoas; Rodrigo Pessanha, psiquiatra.
Texto: Vitor Manfio/Colaborador – Entrevistas: Ricardo Piccinato – Edição: Augusto Biason/Colaborador