José Loreto foi internado às pressas na tarde de ontem (13.02) por conta de um apendicite. Segundo a assessoria de imprensa do ator, ele sentiu-se mal e foi levado ao Complexo Hospitalar de Niterói, em Niterói, no Rio de Janeiro, onde foi diagnosticada a inflamação no apêndice.
“O ator José Loreto sentiu-se mal na última segunda-feira e foi diagnosticado com uma crise de apendicite.
Prontamente assistido por uma equipe médica, Loreto passa bem”, explicou a assessoria de imprensa de José Loreto, em nota.
Informações dão conta ainda de que ele deve passar por cirurgia e vai permanecer internado por mais três dias. Ao fim, deve cumprir repouso de 15 dias em casa para recuperação.
Apendicite, problema de saúde que levou José Loreto às pressas para o hospital é comum – pode acometer cerca de 6% a 9% das pessoas ao longo da vida – contudo, precisa de atenção, pois se não for tratado em tempo pode levar à morte!
Saiba tudo sobre apendicite, o que é, por que acontece e de que forma deve ser tratado a seguir!
O que é apendicite?
O apendicite é uma inflamação que acontece no início do intestino grosso, em uma região conhecida como apêndice vermiforme. Essa região mede entre 8 e 10 cm de comprimento e tem até 6 mm de diâmetro. Quando ela inflama, o corpo costuma emitir um sinal: uma dor localizada no baixo ventre, do lado direito do abdômen. Veja a ilustração abaixo!
Quando isso ocorre, o tratamento precisa ser rápido, uma vez que, se não tratado, pode haver necrose ou perfuração do tecido do intestino, podendo levar à morte. Isso explica o número de 300 mil cirurgias realizadas nos Estados Unidos e mais de 400 mil no Brasil anualmente.
Sintomas
Epigastralgia (dor de estômago) e dor periumbilical (na parte inferior direita do abdômen) são os sintomas mais comuns de apendicite. Mas atenção: os sinais do problema podem ser facilmente confundidos com casos de infecção intestinal (gastroenterocolite), infecção urinária e até mesmo com pedra nos rins. Nas mulheres, podem, ainda, ser relacionados com processos inflamatórios ginecológicos.
“O exame físico, somado a história clínica é a principal forma de diagnóstico da apendicite aguda. Não espere, nos casos iniciais, alterações de exames de laboratório, pois estes podem ser normais”, aponta Pedro Luiz Bertevello, gastroenterologista.
Em alguns casos, o diagnóstico errado pode comprometer e agravar ainda mais o quadro de saúde do paciente. Nesses episódios, os procedimentos cirúrgicos são de recomendação máxima e urgente.
Cirurgia é o tratamento mais indicado
Pacientes que apresentam um quadro de inflamação no apêndice, assim como o ator José Loreto, precisam passar por cirurgia. Apesar de já existir outro tipo de tratamento, como o feito com antibióticos, o procedimento cirúrgico é o mais recomendado pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC),
“Em geral, o paciente tem alta hospitalar em 24 horas, sem necessidade de continuar com antibióticos em casa. Por outro lado os pacientes tratados com os antibióticos estão sempre em risco de progredir sintomas e evoluir com doença complicada”, avalia Guilherme Andrade, gastroenterologista clínico.
Tratamento com antibióticos é novidade, mas não recomendado pela maioria dos profissionais
Uma pesquisa recente, publicada no Jornal da Associação Médica Americana (JAMA) mostrou que 73% dos pacientes, participantes do estudo responderam de forma positiva ao tratamento de apendicite com antibióticos, não sendo necessária a cirurgia de remoção do apêndice (apendicectomia) – em alguns casos de inflamação.
Para isso, foram analisados 530 pacientes diagnosticados com apendicite não complicada, excluindo crianças e gestantes. O grupo foi dividido em dois: na primeira metade, a intervenção foi cirúrgica; na outra, foram ministrados antibióticos por 10 dias seguidos. Depois disso, os pacientes foram acompanhados durante um ano.
Quando comparados aos indivíduos que recorreram ao tratamento usual de remoção do apêndice, a taxa de solução satisfatória foi menor, uma vez que pacientes operados corresponderam a êxito em 99,6% dos casos. Em contrapartida, 70 pacientes que utilizaram o procedimento terapêutico necessitaram de cirurgia em um período inferior a 1 ano.
Apesar desse resultado, os demais, 186 indivíduos, mantiveram-se saudáveis, sendo possível que os pesquisadores considerassem esse tipo de tratamento.
O médico Guilherme Andrade, gastroenterologista clínico, alerta ainda que o tratamento com antibióticos só pode ser feito em pacientes com casos mais simples da doença, que não tenha nenhum tipo de complicação. “Os dados do próprio estudo mostram que de 20% a 28% dos pacientes voltam a ter a doença, o que pode acontecer de forma complicada”, aponta Guilherme.
O especialista ainda discorre sobre outro fator que pesa na balança na hora de decidir o tratamento: “O uso de antibióticos de amplo espectro pode selecionar uma flora de bactérias multirresistentes, o que é um problema atual do ponto de vista de saúde pública”, defende.
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Consultoria: Guilherme Andrade, gastroenterologista clínico do Centro de Gastroenterologia do Hospital 9 de julho; Pedro Luiz Bertevello, gastroenterologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo. / Fonte: Revista Guia da Mulher, ed. 4, Editora Alto Astral/ Texto: Jéssica Frabetti (colaboradora) – Edição Wanessa Bighetti – Design: Vinícius Coppi (colaborador)