Uma pessoa diagnosticada com transtorno bipolar apresenta variações de humor repentinas e frequentes (dependendo do organismo de cada indivíduo), podendo influenciar na sua rotina diária. Além disso, também é possível que essa doença crônica venha acompanhada de crises de depressão, prejudicando ainda mais o dia a dia do portador. Por isso, quando não há a detecção precoce do transtorno, o paciente está sujeito a sofrer consequências negativas, como perder o emprego, rendimento escolar abaixo do esperado, complicações financeiras e, até mesmo, implicações com a lei. Mas, afinal, você sabe quais são os fatores capazes de facilitar o desenvolvimento desse transtorno?
Problema genético?
“Estatísticas apontam que filhos de pacientes bipolares têm um risco maior de desenvolver o quadro, pois existe uma vulnerabilidade determinada geneticamente”, afirma Léa Biancamano Guimarães, médica da Clínica Vita Center. Contudo, fatores ambientais e psicossociais também representam espécies de gatilhos, responsáveis por desencadear os sintomas. Em outras palavras, conforme explica a profissional, fatores fisiopatológicos, demográficos (sexo e etnia, por exemplo), relacionados ao nascimento (como complicações na gestação ou no parto) e antecedentes pessoais são capazes de influenciar no surgimento do transtorno bipolar. “Fatores sociais, como padrão socioeconômico e eventos de vida estressantes, antecedentes familiares (disfunção familiar ou perda parental, por exemplo) e história médica pregressa, com episódios de epilepsia, trauma craniencefálico ou esclerose múltipla, também podem causar essa doença crônica”, acrescenta a médica.
Transtorno bipolar na infância
São inúmeros fatores de risco que podem predispor o desenvolvimento do transtorno bipolar na infância, tais como motivos genéticos, uma vez que os genes de uma pessoa são capazes de influenciar em sua probabilidade de desenvolver transtorno bipolar, e fatores relacionados ao nascimento, como complicações na gestação ou no parto e local de nascimento (urbano ou rural). “Quadro depressivo súbito, com características psicóticas, retardo psicomotor e história de transtorno de humor na família, especialmente de mania após uso de medicação antidepressiva, são outros indícios de que a pessoa pode ser vítima do transtorno”, conta a profissional.
Outras causas
Existe uma possível associação entre o transtorno bipolar e a condição socioeconômica desfavorável que a pessoa enfrenta, como desemprego ou baixa renda. Além disso, ser solteiro é outro fator que, em determinados casos, favorece o desenvolvimento da doença. “As mulheres também podem apresentar risco aumentado nos três primeiros meses do pós-parto, sendo que já foi observado tendência maior para presença de história de complicações obstétricas e nascimentos no inverno e na primavera”, esclarece Léa.
Criatividade
“Segundo alguns estudos, existem entre artistas, uma maior frequência de transtornos de humor, em comparação à população geral. Há relatos de que cerca de 80% dos escritores sofram de algum tipo de transtorno de humor, sendo que, entre estes, 30% apresentariam bipolaridade. Porém, a intensidade dos sintomas e de episódios de euforia e depressão reduzem a produtividade”, informa Léa. O que acontece é que durante estes episódios depressivos, a criatividade fica alterada. Ou seja, é possível observar alguns sintomas, como redução cognitiva, diminuição de energia, redução na capacidade de concentração, desatenção e diminuição do interesse e prazer nas produções. “Em episódios de euforia, a aceleração do pensamento, a agitação, a desorganização e a maior distração comprometem a criatividade e a produção artística”, finaliza a profissional.
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Redação Alto Astral