Atleta desde pequena, a advogada Sylvia Pozzobon se viu obrigada a largar os esportes por causa de uma limitação Aos 21 anos, a jovem foi diagnosticada com um câncer muscular raro que a fez perder os movimentos do braço esquerdo devido uma cirurgia de retirada de parte da musculatura do membro. “Eu sempre tive dores no ombro esquerdo, desde os 16 anos mais ou menos. Fui a diversos médicos, mas sempre me diagnosticavam com tendinite”, relata Sylvia. A doença foi descoberta com muito atraso, quando já havia se formado um hemorragia encapsulada.
A advogada conta que sofreu muito: “de um dia para o outro passei de ativa para ficar de cama”, lembra. Ela praticava corrida e musculação antes do câncer, mas depois da operação ficou sem os movimentos do braço esquerdo e também sem ânimo para fazer nada. “Fiquei tão deprimida que fiquei 4 dias sem tomar banho, pois não queria tirar os curativos do braço com medo de ver o que havia acontecido com ele”, conta. O membro ficou deformado em comparação com o outro, pois estava faltando parte dos músculos.
Além de não estar contente com o que via no espelho, Sylvia também ficou muito mal com o fato de perder a sua independência. “Não conseguia fazer coisas simples sozinha como cortar um alimento ou colocar um brinco. Precisava de ajuda pra tudo e isso me irritava”, revela. Durante muito tempo, ela se tratou com medicamentos pesados e até antidepressivos para combater a tristeza. Mas, por conta própria, a jovem decidiu que não queria uma vida de lamentação e infelicidade.
Um dia, enquanto ainda estava se tratando com radiografia, a advogada resolveu retomar as atividades físicas. Decidida a mudar, voltou à academia e se matriculou em aulas de tênis. “Acredito que a atividade física me salvou. Digo isso porque salvou primeiro minha cabeça, ferramenta crucial para que eu recuperasse meus movimentos do braço e minha vida normal”, confessa. Mesmo com as dificuldades – ela corria na esteira usando uma tipoia no braco – Sylvia sabia que motivação e forca de vontade não poderiam faltar na sua recuperação. Sendo assim, ela aceitou novos desafios.
“Meu corpo, depois do câncer, mudou bastante. Nos primeiros meses, o braço esquerdo sequer se movia, apenas a mão. Hoje, após 6 anos contrariando todas as expectativas médicas recuperei cerca de 95% dos movimentos graças ao esporte”, reconhece. Sylvia tinha pesadelos nos quais ela nunca mais mexeria o braço. A família da jovem foi essencial para dar apoio e incentivo durante a recuperação. Atualmente, a advogada esta buscando superação e se inscreveu em um grupo de corridas, no início do ano passado, para competir em maratonas. Ela já fez aulas de surf, curso de paraquedismo, tudo para se manter em movimento. “É uma bênção não ter perdido todo o meu braço esquerdo na cirurgia, também poderia ter morrido, então faço questão de aproveitar minha saúde”, conclui.