Durante a década de 1990, uma droga fez fama nas festas raves, primeiro nos Estados Unidos e se espalhando rapidamente pelo mundo. Transformada em pó a partir de tranquilizantes de cavalo e gato, na balada, seu nome era Special K. Como medicação, a substância de nome oficial cetamina possui características sedativas e analgésicas — não à toa, quando foi sintetizada pela primeira vez, em 1962, foi utilizada no tratamento de soldados norte-americanos durante a guerra do Vietnã.
Mas, no século 21, a cetamina (às vezes chamada quetamina ou, comercialmente, Ketalar) vem procurando espaço no mercado farmacêutico de outra forma: como medicamento no combate à depressão maior, inclusive quando há o risco de suicídio. Essa nova aplicação da substância promete revolucionar o tratamento da doença.
Diferentemente dos antidepressivos convencionais, que geralmente começam a fazer efeito após semanas ou meses de uso, o remédio pode dar resultado em alguns dias ou mesmo horas. Além disso, os fármacos tradicionais têm eficácia em apenas 58% dos pacientes, frente a 70% — entre os que já tentaram de tudo — da nova droga.
Entretanto, o uso da cetamina em depressivos ainda não foi aprovado pelo órgão regulador norte-americano Food and Drug Administration (FDA). No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também não qualificou o medicamento, portanto, seu uso ainda é off-label, ou seja, para um fim não previsto na bula.
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Texto e entrevistas: Augusto Biason/Colaborador
Consultorias: Adriano Segal, psiquiatra e diretor de psiquiatria de transtorno alimentar da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), em São Paulo (SP); Aristides Brito, neurocientista e diretor da Marca Pessoal Treinamentos.