Um novo estudo sobre efeitos que uma pessoa sofre ao andar ou correr descalço concluiu que há evidências limitadas da ocorrência de problemas nos pés relacionada a esse hábito. Além disso, não há evidência de um risco maior de lesões entre pessoas que têm esse costume, segundo a análise publicada no mês passado na revista Medicine and Science in Sports and Exercise.
“Tendo o grande ‘debate sobre andar descalço’ em mente, esperávamos mais evidências de efeitos de longo prazo da locomoção sem sapatos“, disse o principal autor do estudo, Karsten Hollander, do Instituto da Ciência do Movimento Humano da Universidade de Hamburgo, na Alemanha.
Algumas populações, por exemplo na África do Sul, têm o hábito de ficar descalças. Por isso, ele e seus colegas estão preparando um estudo maior comparando crianças que andam descalças na África do Sul com crianças que andam calçadas no próprio país e na Alemanha para avaliar o desenvolvimento dos pés e a performance motora. Karsten e sua equipe incluiu 15 estudos que avaliaram mais de 8 mil pessoas comparando dados sobre biomecânica, performance motora e patologias. Foi observado que pessoas que andam descalças tendem a ter pés ligeiramente mais largos do que pessoas calçadas. Os índices de lesões foram similares nos dois grupos.
Não houve evidência de que pessoas descalças têm performance motora melhor em longo prazo e houve evidência muito limitada para benefícios à saúde, segundo os autores. O corpo se adapta bem as duas formas de andar, segundo Hollander, “mas o corpo precisa de mais tempo para adaptar a essa nova técnica e eu acho que a quantidade de treino e recuperação que um corpo precisa é diferente para cada indivíduo”.
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A revisão concluiu que os tipos de lesões observadas em pessoas que correm descalças ou calçadas foram diferentes, mas não há evidência que mostra que uma opção gera mais lesões do que a outra. “Enquanto correr calçado leva a mais lesões na fascia plantar, joelho, quadril e costas, corredores descalços estão mais propensos a ter lesão no tendão de Aquiles e outros tendões na extremidade inferior”, disse o autor.