A reação dos Estados Unidos aos ataques de 11 de setembro foi imediata! Os atentados foram considerados atos de guerra, e não apenas terrorismo.
Estava claro que a autoria dos atentados era da rede Al Qaeda, organização composta por militares fundamentalistas muçulmanos de várias nacionalidades. O agressor não tinha uma bandeira específica ou um território próprio. Assim, surgiam mais dúvidas. Dirigir a quem a retaliação? Onde atacar?
“Esse inimigo não se identifica com nenhum Estado, não tem território e não estabelece nenhum tipo de complementaridade econômica com seu adversário. Aceitar sua existência, nessas condições, significa entrar em uma guerra na qual os EUA definem, a cada momento e da forma mais conveniente, quem é e onde está o rival, perpetuando uma guerra que será cada vez mais extensa”, analisa a jornalista Tatiane Teixeira em seu livro Os Think Tanks e sua influência na política externa dos EUA.
Apesar disso, o primeiro alvo escolhido foi o Afeganistão, na época controlado em grande parte pelo movimento fundamentalista Taleban. No entanto, a região norte do país estava sob domínio da chamada Aliança do Norte, que reunia grupos de diversas origens, todos evidentemente contrários ao Taleban, acusado pelos EUA de dar abrigo à Al Qaeda – especificamente, a Osama Bin Laden.
Justiça X Vingança
Os serviços de inteligência dos Estados Unidos já sabiam que a Al Qaeda e o Taleban mantinham uma colaboração mútua. Isso levou o governo norte-americano a exigir que o grupo fundamentalista entregasse Bin Laden, para que se fizesse justiça.
Ante a negativa e as alegações do governo afegão de que não tinha acesso ao líder dos terroristas, os Estados Unidos, juntamente com a Grã-Bretanha, lideraram uma invasão ao país, não aprovada pela ONU. Mas o que deveria ser uma busca aos culpados pelos ataques, ganhou característica de vingança e se transformou em uma longa guerra.
No dia 7 de outubro, menos de um mês depois dos atentados, uma coalização militar internacional bombardeava os primeiros alvos em território afegão. Além da capital Cabul, as bombas caíram sobre mais quatro cidades importantes. Estava iniciada a “Operação Liberdade Duradoura”, que além de militares americanos e britânicos, contou com apoio de tropas francesas, alemãs, australianas e canadenses.
Logo após a ofensiva aérea, que destruiu bases de operações e pontos estratégicos para a Al Qaeda e o Taleban, foi iniciada a invasão por terra. Em menos de 60 dias, os fundamentalistas islâmicos eram varridos do governo, enquanto vários líderes e militantes da Al Qaeda estavam mortos. Entre eles, não estava Osama Bin Laden.
Calcula-se que muito mais de três mil civis afegãos tenham sido mortos durante as operações realizadas nos últimos três meses de 2001. Definitivamente, a humanidade começava com perspectivas sombrias o novo século.
Território hostil
Em um de seus discursos nos dias seguintes ao 11 de Setembro, Bush previra que a guerra seria longa. E tinha razão. A aparente vitória rápida no Afeganistão, porém, se transformaria na guerra mais longa travada pelos EUA, atualmente com pouquíssimas perspectivas de ser encerrada.
No inicio de 2016, em uma cerimônia discreta em Cabul, seria comunicado oficialmente o final da missão de combate das Forças Armadas dos EUA em solo afegão.
Estatísticas de Guerra
Àquela altura, estatísticas oficiais apontavam que 2.224 militares norte-americanos haviam perdido suas vidas nessa guerra e outros 19.945, feridos. Já o número de afegãos mortos no conflito, a maioria de civis sem qualquer ligação com o terrorismo, é bem mais difícil de calcular.
A ONU iniciou essa contagem apenas em 2008 e considera apenas mortes confirmadas por três fontes diferentes como sendo consequência direta da guerra. Mesmo assim, não deixa de ser assustador saber que em 2015, ano da retirada das tropas de ocupação, 3.545 civis afegãos tenham sido mortos no conflito.
Bode expiatório?
Em 2003, abriu-se um novo capítulo dos desdobramentos do 11 de setembro. Depois do Afeganistão, o Iraque foi invadido por uma aliança internacional, sob pretexto de possuir um arsenal de armas químicas e biológicas de destruição em massa que poderia ser usado em ataques terroristas.
Uma investigação da ONU, porém, apontou a inexistência de tais armas e não autorizou a invasão proposta. O veto, porém, não surtiu qualquer efeito e, no dia 20 de março daquele ano, tropas dos EUA, reforçadas por unidades britânicas, espanholas, italianas e australianas consumavam a invasão.
Não foi preciso mais do que 40 dias de combates para que a coalizão internacional anunciasse a vitória. Até então temido, o exército de Saddam Hussein, ditador que se mantinha no poder desde 1979, não foi páreo para as forças internacionais.
No dia 1 de maio, o presidente Bush anunciava a vitória e que a missão das tropas americanas no Iraque estava cumprida. A queda do regime autoritário de Saddam foi simbolizada pela destruição de monumentos públicos ao ditador. Em setembro, o próprio seria capturado, escondido em um buraco. Três anos depois, seria julgado e enforcado.
Sem final
A história das armas químicas ficou no ar, jamais foram encontradas. E a missão que se julgava cumprida acabou se transformando no marco inicial de uma nova guerra. A insurgência contra as tropas de ocupação não demorou a iniciar uma contra-ofensiva.
Dividido internamente e ocupado por tropas internacionais, o Iraque mergulhou em uma onda de violência sem precedentes no país. Atentados, bombardeios e confrontos de todo o tipo passaram a acontecer com frequência diária. Inicialmente, entre militares, mas logo os civis se tornariam as maiores vítimas.
As consequência de uma guerra
Em outubro de 2011, o presidente Barack Obama anunciava o fim das ações militares dos EUA no Iraque. Em cerca de oito anos, pelo menos 4.800 militares da coalizão morreram, sendo 4.500 deles norte-americanos.
Já os registros de iraquianos mortos, como aconteceu com o Afeganistão, não são lá dos mais confiáveis. Segundo a Iraqi Body Count (IBC), uma organização independente criada por voluntários americanos e britânicos, pelo menos 174 mil cidadãos iraquianos morreram no conflito. Desses, entre 111 mil e 123 mil, seriam civis.
O custo dessa guerra é estimado em 1,7 trilhão de dólares, ou pouco mais de 200 bilhões por ano.
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Texto: David Cintra Edição: Nathália Piccoli