Nos últimos dias, não se fala de outro assunto senão a inflação nos EUA. A maior economia do mundo já acumula inflação de 6,2% em 12 meses, a maior dos últimos 30 anos. Mas será que o que acontece lá nos Estados Unidos mexe com o Brasil
A resposta é sim. Mas isso não tem muito a ver com os preços inicialmente, mas sim com as medidas que precisarão ser tomadas para conter o avanço da inflação. Assim como aqui no Brasil, para conter o avanço da inflação no país será necessário aumentar os juros e reduzir o dinheiro disponível em circulação.
No entanto, a tomada dessas medidas fortalece ainda mais a moeda americana frente a outras moedas, o que inclui o Real. Ou seja, isso pode dificultar a recuperação econômica do Brasil por conta da subida da taxa básica de juros: a taxa Selic.
Em sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) subiu a taxa Selic para 7,75% ao ano. E sinalizou que o ano de 2021 poderia fechar com a taxa de juros em 9,25%. Porém, com a piora desse cenário, o mercado financeiro prevê que a taxa Selic chegue muito próximo dos 10%.
Valorização do dólar
A valorização do dólar impacta diretamente a economia brasileira. Isso porque, o dólar pode ficar cada vez mais caro. Por sua vez, essa valorização impacta na inflação e força a subida dos juros no país, o que atrapalha no crescimento da economia.
Antes mesmo dos Estados Unidos chegar ao patamar de “maior inflação dos últimos 30 anos”, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o índice oficial da inflação brasileira, já havia atingido 10,67% nos últimos 12 meses.
Esse cenário funciona como uma espécie de “efeito dominó”, porque a valorização do dólar afeta o real, o real afeta a taxa básica de juros e a taxa básica de juros dificulta o crescimento da economia no país.
Como resultado, fica mais difícil ter a criação ou ampliação de negócios, pois a moeda americana passa a custar mais, as matérias-primas ficam mais caras e a taxa básica de juros, que é serve como um indexador para operações bancárias como os empréstimos, por exemplo, passam a custar cada vez mais.
A expectativa é de que no próximo ano, o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de tudo aquilo que é produzido no Brasil, cresça menos de 1%.
O que pode acontecer se a inflação nos EUA não diminuir
Para diminuir a inflação nos EUA, o Federal Reserve (Fed) começa a tomar medidas drásticas como diminuição de moeda correndo no país e a redução das recompras de títulos públicos.
Contudo, caso essas medidas não surtam efeito e a inflação no país continue subindo, a tendência é que diminuam ainda mais o número de dólares no país e a taxa de juros dos Estados Unidos continue subindo.
Como consequência, esse cenário pode piorar ainda mais a situação no Brasil. Há ainda um fator de instabilidade no próximo ano, como as eleições gerais. Por isso, o jeito é torcer para que a economia estadunidense se recupere rápido.