Fisiologicamente falando, as ilusões de ótica “são consequências de perturbações nos canais de informação ou nas unidades funcionais que manipulam sinais no sistema visual”, descreve João Jorge Cabral, médico, psiquiatra, hipniatra, psicoterapeuta e presidente da Associação Brasileira de Hipnose.
Quer um exemplo de quando acreditamos haver algo que não está presente no momento? Você já deve ter visto em algum filme alguém caminhando pelo deserto por muito tempo. Com sede, a pessoa deseja apenas um pouco de água ou se refrescar em um lago, um rio. De repente, ela avista água – e então sai correndo! Mas, infelizmente, não há líquido algum, só mais um monte de areia.
Miragens – essas“porções de água” nas areias do deserto ou cima do asfalto de rodovias em dias ensolarados – acontecem devido à diferença entre o índice de refração da camada de ar quente sobre a superfície e o índice das camadas superiores, segundo o professor de física Patrick de Almeida Pinto. “A luz do sol desvia na direção do horizonte e intercepta o olho de um observador, causando uma sensação de reflexo da luz numa lâmina d’água”.
Ou seja, a miragem não é uma loucura de alguém com extrema necessidade. Essa pessoa está vendo alguma coisa (no caso, a porção de água), mas isso não quer dizer que ela existe. A miragem se enquadra no tipo de ilusão fisiológica: é uma perturbação nas informações que chegam ao seu sistema visual.
João Cabral lembra que, em determinadas ilusões de ótica, “o olho preenche lacunas de informação ou percebe propriedades geométricas de objetos de maneira equivocada”. Na figura abaixo, você vê um quadrado branco sobre as bolinhas pretas? Pois bem: não existe quadrado nenhum! “Existem círculos com um corte de ¼ que se completam no quadrado pelo nosso olho”. Está vendo como podemos enxergar coisas que não existem?
LEIA TAMBÉM:
- Sabia que você é enganado pelo seu cérebro todos os dias? Entenda!
- Tabuleiro de xadrez de Sayumi: conheça essa ilusão de ótica incrível
- O que é ilusão de ótica? Qual a relação com o cérebro?
Texto e entrevistas: Ricardo Piccinato