“Não é ele o filho do carpinteiro? A sua mãe não é Maria e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? Não estão as Suas irmãs todas conosco?”
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Assim diz Mateus, no capítulo 13 de seu evangelho. Para quem não é um leitor assíduo das Escrituras, a especificidade da descrição, citando até mesmo nomes dos irmãos sanguíneos, pode causar espanto. E esta não é a única vez que eles são citados, pois outras passagens também relatam a presença deles junto de Jesus, Maria ou dos demais discípulos (leia Lucas 8:20, João 2:12 e Atos 1:14).
No entanto, a versão oficial da Igreja Católica sustenta que o termo “irmãos” se refere, na verdade, aos primos de Jesus. E a tese não deixa de ter sentido: as línguas faladas à época na região onde viveu o Cristo – hebraico e aramaico – não possuem um vocábulo que designe o termo “primos”. Ou seja, como o Novo Testamento foi escrito na língua grega, os autores utilizaram o termo adelfos, que literalmente significa irmãos. Mas há quem sustente que o processo de tradução das tradições orais pode ter sido prejudicado. O grande problema é que, em todas as vezes em que são mencionados, os primos/irmãos de Jesus estão na companhia de Maria – contexto que potencializa as chances de Jesus não ter sido filho único.
Meio-irmãos
Um segundo argumento da Igreja Católica Romana é de que os irmãos e irmãs de Jesus eram filhos apenas de José, oriundos de um casamento anterior. Isso porque algumas teorias sustentam que o carpinteiro era bem mais velho do que Maria antes de se casar com ela. Além disso, havia se tornado viúvo e possuía vários filhos. No entanto, caso José já possuísse pelo menos seis herdeiros (os quatro homens citados e, no mínimo, mais duas mulheres referentes às “irmãs”), seria muito provável que eles fossem mencionados na sua viagem com Maria a Belém (Lucas 2:4-7), na sua viagem ao Egito (Mateus 2:13-15), ou na sua viagem de volta para Nazaré (Mateus 2:20-23).
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