A concentração é um dos processos mais avançados do cérebro humano – aliás, é uma característica inerente da nossa espécie. A seleção e a manutenção exclusiva de um único tópico na mente, que nos obriga a deixar milhares de informações sensoriais de fora, exigem a utilização de milhões de neurônios.
“Se a concentração envolver um tema abstrato, bilhões de células nervosas entram em ação. Agora, se for uma ideia nova, a solução de um problema não resolvido antes ou a criação de uma sinfonia, então mais neurônios do que as estrelas da Via Láctea precisarão entrar em cena”, exemplifica o médico neurologista Martin Portner.
Se a concentração é uma propriedade exclusiva dos seres humanos, como ela se desenvolve ao longo da vida? É fato que a percepção da atenção muda com o passar dos anos, por isso, explicamos como esse processo ocorre no cérebro e quais as particularidades de cada fase.
Primeiros anos
Desde o nascimento, bebês já estão acostumados com sons captados durante o desenvolvimento uterino e adquirem prazer em ouvir a voz da mãe depois de nascidos – pode-se dizer que o estímulo materno é o primeiro objeto em que “se concentram”. Com algumas semanas de vida, a capacidade de orientar a atenção já está ativada nos seres humanos.
A partir do momento em que os movimentos dos braços e das pernas mostram-se organizados, os bebês se concentram em pequenas nuances, como a textura da pele, o alinhamento dos dedos, passando a focar nas possibilidades a serem realizadas. “A capacidade de ‘copiar e colar’ uma informação sensorial – imaginar a voz da mãe sem que ela esteja presente – necessita mais alguns meses de desenvolvimento”, explica Martin Portner.
A partir dos seis meses de idade, não são somente as pessoas e os objetos que chamam a atenção dos bebês: as palavras começam a fazer parte da compreensão infantil. Já a partir dos dois anos, com o desenvolvimento do andar e da capacidade de manuseio, os pequenos são capazes de explorar cada vez mais o mundo ao seu redor, e sua concentração começa a ser dirigida a outros estímulos.
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Texto: Thiago Koguchi Edição: Angelo Matilha Cherubini
Consultorias: Martin Portner, médico neurologista, escritor e palestrante, mestre em neurociência pela Universidade de Oxford.