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O preconceito de gênero foi apenas um dos paradigmas quebrados pelas profissionais da área, segundo a obra
Conheça o livro TI de Salto, de Sylvia Bellio! - Shutterstock

Comportamento

TI de Salto: livro apresenta relatos inspiradores de mulheres do setor tecnológico

O preconceito de gênero foi apenas um dos paradigmas quebrados pelas profissionais da área, segundo a obra

O primeiro algoritmo foi escrito no século XIX pela condessa inglesa Ada Lovelace, considerada a mãe da computação. No entanto, mesmo com outras mulheres importantes, como a Irmã Mary Kenneth Keller e Grace Hopper, marcando presença ao longo da história da tecnologia, há quem ainda acredite que lugar de mulher não é na ciência. 

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), somente 20% dos profissionais da área de Tecnologia da Informação são mulheres. Contudo, quando analisamos outros dados divulgados pelo IBGE, esses referentes às Estatísticas de Gênero, não é surpresa que as mulheres sejam minoria na área: segundo o estudo, em 2019, elas representavam 13,3% das matrículas nos cursos presenciais de graduação na área de Computação e Tecnologias e Comunicação.

Assim, por conta da clara falta de representatividade no meio, muitas mulheres acabam sofrendo o chamado Fenômeno da Impostora, ou seja, aquela sensação de se sentir inferior aos demais e incapaz de reconhecer o próprio sucesso. No entanto, há razões para acreditarmos que a tendência é que tal cenário mude.

Luz no fim do túnel

Mesmo ainda sendo minoria nesse mercado predominante masculino, as mulheres estão mostrando que o lugar delas é onde elas quiserem e, com isso, estão cada vez mais presentes no cotidiano do universo da Tecnologia da Informação.

Pensando nisso, a empresária Sylvia Bellio, CEO e Co-fundadora da itl.tech, reuniu histórias de algumas mulheres transformadoras em seu novo livro, TI de Salto, lançado pela editora Árvore Digital no dia 19 de junho.

A publicação, que integra o Projeto Conte Sua História, traz 21 personalidades femininas, incluindo a organizadora, que vencem as adversidades ao longo da jornada. São assistentes, técnicas, analistas, gestoras, executivas, CEO e até mesmo entusiastas da área. 

De acordo com Bellio, a ideia da obra surgiu da “vontade de ajudar, inspirar e incentivar outras mulheres” a participar do mercado e fazer parte dessa transformação.Como mostram os relatos do livro, mesmo com medo e incertezas, muitas mulheres saem da zona de conforto para apostarem em novas possibilidades dentro do mundo corporativo. Questões de gênero, diversidade, maternidade e a própria atuação no setor tecnológico são alguns dos pontos enfrentados pelas personagens reais que podem gerar um grande sentimento de identificação nas leitoras.

Confira abaixo a conversa do Alto Astral com a autora Sylvia Bellio.

AA: Como foi a sua própria trajetória dentro do mercado de trabalho?

SB: Comecei a trabalhar com 17 anos na área financeira. Na área de tecnologia, iniciei em 2003, fundando a itl.tech e introduzindo no mercado brasileiro algumas tecnologias inovadoras no que se refere a soluções de data center – armazenamento e proteção de dados.

AA: O livro é focado nas experiências e lutas das mulheres no mercado de trabalho. No entanto, sua introdução foi feita por um homem. Como se deu essa escolha?

SB: Quando pensamos em tecnologia, mercado predominantemente masculino, empresas como a Dell Technologies, uma das grandes empresas do setor, ter um líder inclusivo, participando do livro, escrevendo a introdução faria todo sentido no que se refere a esse movimento de diversidade e inclusão, e porque não considerar a opinião de quem vem ajudando a incluir no mercado de tecnologia mais mulheres.

AA:  Das histórias que você ouviu para a produção do livro T.I de Salto, teve alguma que mais te tocou ou com a qual você mais se sentiu identificada?

SB: A identificação vai além das histórias do livro, as histórias têm em comum a minoria de mulheres nos cursos de graduação, e depois de tanto tempo, ainda continua ainda sendo assim. O que mais me tocou foi ter a participação e aceitação delas sem mesmo me conhecerem pessoalmente, a coragem de compartilhar suas histórias, pensando em  inspirar e incentivar mais meninas a entrarem na área.

AA: Teve alguma situação específica que fez com que você tivesse um estalo de "vou escrever um livro com relatos de mulheres dentro da área de T.I"?

SB: Sim. Convivo nesse mercado predominantemente masculino há quase 20 anos, e em 2016 sabia que precisava escrever sobre isso. O nome do livro surgiu mesmo antes de ter uma história, de ter um projeto. Num primeiro momento pensei em contar minha história, mas ao mesmo tempo sabia que não queria falar sobre mim, mas sim sobre o desafio de ser mulher nessa área. Foi quando, depois do lançamento do primeiro livro do projeto [Mulheres Além do Óbvio], a ideia de buscar mulheres da área, que assim como eu, queriam contar suas histórias e inspirar novas gerações o livro se tornou real.

AA: O livro faz parte do Projeto Conte sua História. Como surgiu a ideia desse projeto?

SB: Desde 2016, quando participei de um evento internacional DWEN Dell Women Entrepreneur Network, percebi que não estava sozinha. Que ao meu redor tinha muitas mulheres, em diversos segmentos e profissões que faziam parte da minha vida, e me inspiravam de diversas maneiras. Precisava contar essas histórias, foi assim que publiquei em 2020 em plena pandemia o livro Mulheres Além do Óbvio, e assim nascia o projeto, para contar histórias inspiradoras, de mulheres da vida real, seus desafios, mais principalmente suas conquistas. 

AA: E quais são os próximos passos do Projeto?

SB: Levar o Projeto para empresas de tecnologia (grupos de diversidade/recursos humanos), Lives e vídeos divulgando as co-autoras e convidando mais mulheres da área a compartilhar suas histórias para a segunda edição do livro TI de Salto. O próximo livro do Projeto quer contar histórias de Mulheres na Liderança (CEOs), e muitas ideias para o futuro.

AA: Você acha que esses relatos podem, de alguma forma, ajudar as mulheres a superarem o Fenômeno da Impostora?

SB: Espero que sim. Quem nunca teve que superar esse fenômeno? Imagina você em um ambiente masculino? O livro dá diversos relatos disso, mas mostra também como precisamos encarar e superar essa síndrome (sic.).  

AA: Na sua opinião, há alguma "receitinha mágica" para que a gente não caia nesse Fenômeno?

SB: Para mim, o que funciona é você e acreditar em você mesmo. Quando sentir essa síndrome (sic.), analisar seus feitos, e entender que você merece estar lá. Que não se trata de sorte, mas sim de resultado de trabalho duro.

AA: De acordo com as suas vivências, o que você acha que falta para que mais mulheres entrem no mercado de tecnologia?

SB: Dar voz e nome à mulheres da área. Quando buscamos referências geralmente não conseguimos lembrar de mulheres da área. Esquecemos de Ada Lovelace, Grace Hooper e Radia Perlman, mas precisamos ter novas mulheres inspirando meninas/jovens, mulheres da vida real, que possam conversar e conhecer, entendendo que é possível. Além disso, levar esse Projeto para Universidades e também para escolas de ensino médio incentivando as meninas mesmo antes de entrar nas Universidades.

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