Escovar o cabelo pode ser um prazeroso e até mesmo um ato de autocuidado na rotina. No entanto, para que o momento de ajeitar os fios seja proveitoso e benéfico para as madeixas, é preciso ter em mãos o material certo.
Assim, apesar de muitas pessoas não se atentarem tanto na hora de aderirem a uma nova escova de cabelo, saiba que é, sim, muito importante fazer uma escolha adequada. Isso porque uma boa escova faz parte do tratamento capilar e da manutenção do cabelo em si.
Em outras palavras, uma escova apropriada para o tipo e necessidade de cada pessoa é capaz de proteger os fios dos danos causados pela tração da escovação, por exemplo - dependendo do tipo, tamanho e cerdas utlizadas, é possível vir a expor a haste capilar a quebras por fragilização, tanto ao longo do uso quanto no simples desembaraçar.
Assim, segundo Ademir Leite Júnior, médico e presidente da Academia Brasileira de Tricologia, hoje existem no mercado opções que reúnem certas características que podem ser levadas em consideração na hora de comprar uma escova de cabelo - e tais peculiaridades são válidas independentemente da pessoa ter ou não problemas capilares. No entanto, o médico faz um alerta: “Não existe um modelo universal, o que se pode procurar são pontos de qualidade que formam uma boa escova que possa ser usada sem prejudicar os cabelos”.
O especialista ainda comenta ser a favor de termos mais de um tipo de escova em casa. "Isso porque os cabelos exigem cuidados diferentes para momentos diferentes. Mais que isso, temos uma diversidade muito grande de tipos de cabelos. Finos, grossos, dos mais lisos aos mais cacheados”, ele argumenta.
Além disso, o expert em saúde capilar também afirma que, para além do modelo e material de pente ou escova, o que conta mesmo é ter em mãos um produto capaz de desembaraçar seus fios sem danificá-los e a forma como você escova seus cabelos em si, ou seja, o quanto de gentileza é aplicado no ato. "O que vale mais é a gentileza com que os dentes ou certas tocam os cabelos. A gentileza do movimento. Mais do que o tipo de material", pondera.
Mas que levar em conta ao comprar uma escova?
Como explicado pelo tricologista, são diversos (e pessoais) os fatores que fazem uma escova ser uma boa escova para você. Ainda assim, existem alguns pontos que podem ajudá-la a fazer uma escolha mais certeira e proveitosa. Confira:
Cerdas com bolinhas nas pontas: normalmente feitas em plástico e com bolinhas de silicone, gerando um conforto com efeito massageador no couro cabeludo. As cerdas mais compridas e ligeiramente flexíveis conseguem um desembaraço mais sutil com risco diminuído de quebra.
Cerdas naturais: famosas por contribuírem para fios brilhosos e com menos frizz, as escovas de cerdas naturais também são as queridinhas de quem cuida dos cabelos das crianças! De acordo com o médico, macias ou mais rijas, as cerdas dessas escovas cumprem muito bem o papel de desembaraçar variados tipos de cabelos por serem mais flexíveis, o que também facilita o espalhamento da oleosidade ao longo do fios pelo formato em pequenos tufos pela raquete;
Escovas grandes com raquete quadrada ou oval: comum entre as marcas, são escovas que apresentam um bom resultado de desembaraço, além de serem adequadas para o dia a dia, inclusive durante o banho. Ademir explica que o formato dessas escovas permite diferentes disposições de cerdas, o que deve ser considerado na hora da escolha:
- Quanto mais cerdas juntas, mais volume o cabelo terá. O médico aconselha o modelo para quem está passando por um processo de rarefação capilar e cujo couro tem condição de ser escovado. "Podem lançar mão desse tipo, a fim de ter a impressão de mais fios até que o tratamento a que se propõe devolva o volume capilar", comenta.
- Quanto mais espaçadas as cerdas, menor o volume. Assim, são ideais para quem deseja controlar o volume dos cabelos. Caso as cerdas tenham as bolinhas nas pontas, além da massagem no couro cabeludo, a tendência é menos frizz.
Tendências
Ao longo da carreira, Ademir acompanhou as mais diversas novidades relacionadas ao mundo dos cabelos. Sobre a moda mais recente lançada em solo brasileiro, a escova oval sem cabo, ele comenta: "O sucesso não se deu apenas pelo design diferenciado, essas escovas realmente eram (sic) responsáveis por facilitar o desembaraço dos fios sem agredir o couro cabeludo".
O médico ainda destaca como ponto positivo a ergonomia do produto, desenvolvido para se acomodar na mão espalmada. Além disso, segundo ele, o modelo tendência também é ótimo para cabelos finos e sensíveis por conta de seu desenho e cerdas.
Mantenha suas as escovas de cabelo limpas!
Seja em salões de beleza ou em casa, é essencial manter uma rotina de higienização das escovas de cabelo, principalmente quem utiliza químicas nas madeixas ou prefere escovas com almofadas, mais suscetíveis ao acúmulo de resíduos.
O médico explica que, grosso modo, somos uma "grande colônia de microrganismos ambulantes"; assim, quando tudo está em equilíbrio, vivemos sem transtornos com a chamada microbiota natural, presente na pele, mucosa e em alguns órgãos do corpo. Contudo, quando em contato com com microrganismos patogênicos, e com portas de entrada pelo corpo, como feridas e cortes, podemos estar sujeitos à doenças.
Mas, segundo o especialista, algumas doenças são causadas por fungos e insetos, e, por sua vez, a transmissão e contágio não dependem necessariamente de uma via de acesso no corpo. Esse é o caso das escovas e pentes de cabelo. "São objetivos capazes de atuar como meios de transmissão de contaminantes”, Ademir observa.
Com isso, o especialista pontua que a higienização das escovas e pentes é simples: basta retirar os fios depositados no produto, deixá-lo de molho em água com detergente - se o detergente for enzimático, melhor -, e reforçar a limpeza com uma esponja e escovinha.
Depois, certifique-se de que seu objeto esteja seco antes de usá-lo. Assim, utilize uma toalha ou secador de cabelos para secar sua escova ou pente; também é viável deixar o produto secar naturalmente, ao ar livre.
Para finalizar, o médico recomenda o uso de álcool 70%, exceto em casos em que o fabricante da escova/ pente não indique esse tipo de limpeza. Nessa circunstância, opte por outro desinfetante apropriado ou hipoclorito de sódio em baixíssimas concentrações, 0,0025 – 00,1%.
Vale ressaltar também que Ademir argumenta que, de preferência, escovas e pentes devem ser objetos de uso pessoal e, portanto, não devem ser compartilhados.
Fonte: Ademir C. Leite Júnior, médico e presidente da Academia Brasileira de Tricologia, certificado como Tricologista pela Internacional Association of Trichologists (IAT).