Quem possui pele sensível, sabe o quão difícil é tratar e cuidar corretamente da derma. Desde truques aprendidos na internet, até mesmo recorrendo a um dermatologista, algumas pessoas continuam com descamação recorrente, ou até mesmo a famosa rosácea (sintomas de vermelhidão facial).
Diante disso, muita gente opta por usar produtos acima do preço, cuja promessa é, em muitos casos, diminuir a vermelhidão e manter uma pele sedosa e firme. Mas calma! Valores exorbitantes não são sinônimo de um resultado efetivo para uma pele menos irritada.
Segundo Patrícia Mafra, médica membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a pele pode ficar sensível por diversas razões e em qualquer momento da vida, desde a infância até a velhice. “A derma sensível é um estado. Porém, essa sensibilidade pode ser um sintoma de algumas doenças, que podem, por exemplo, alterar essa função de barreira protetora tornando a pele sensível. É o que ocorre nas dermatites seborreica e atópica”, explica.
De acordo com Mafra, essa pele mais "frágil" apresenta algumas características fáceis de serem percebidas. Assim, os principais sinais visíveis são: eritema (vermelhidão ou erupções), descamação, inchaço ou aspereza. Mas há também sinais sensoriais, como: coceira, sensação de estiramento, ardor ou formigamento. “Pode ocorrer no rosto, lábios, mãos, corpo e no couro cabeludo. E também pode ser desencadeada por mudanças físicas, sejam elas temporárias, como a gravidez, ou contínuas, como o envelhecimento”, comenta a dermatologista.
Ademais, Mafra alerta que a pele sensível também pode compartilhar algumas semelhanças com a pele seca, mas nem sempre está relacionada com esse problema, bem como os seus sintomas. "Por isso, nem sempre os cuidados com a pele seca melhoram a pele sensível”, diz a médica.
Sendo assim, que dar uma amenizada na derma sensível? Confira 3 principais fatores que podem deixar a pele mais irritada para, assim, se prevenir:
Estresse
Com todo o estresse e ansiedade causados pela rotina puxada, além do desgaste da saúde mental, os impactos podem aparecer inclusive para na pele. “Muitos tipos de células da pele, incluindo células imunológicas e células endoteliais (que alinham os vasos sanguíneos), podem ser reguladas por neuropeptídeos e neurotransmissores, que são substâncias químicas liberadas pelas terminações nervosas da pele", explica.
O estresse ajuda a liberar um nível maior dessas substâncias e, quando isso ocorre, pode afetar o modo com o qual nosso corpo responde a muitas funções importantes, como sensação e controle do fluxo sanguíneo. Além disso, segundo a dermatologista, a liberação desses produtos químicos pode levar à inflamação da pele, o que reduz a eficácia dessa função barreira da derma.
Higiene demais
Segundo Mafra, ao esfregar as mãos com sabão e usar desinfetante ou álcool ao longo do dia para reduzir a infecção viral, também retiramos de nossa pele os óleos naturais e as bactérias saudáveis que protegem nossa barreira. "Se tiver resquícios de produtos químicos na mão e ela for levada ao rosto, isso pode causar irritação e dermatite de contato”, clarifica.
Indivíduos que tentam usar produtos mais abrasivos ou substâncias ácidas em casa e sem orientação também podem sofrer com sensibilidade da pele. “Alguns pacientes podem provocar uma sensibilidade aumentada na pele pelo excesso de esfoliação porque a pele apresenta um ciclo de renovação natural, o turnover celular. O excesso de esfoliação faz com que o organismo não tenha tempo suficiente para produzir células e manter a integridade da camada córnea”, explica a dermatologista.
Desequilíbrios e alergias alimentares
Mafra alerta que as intolerâncias não diagnosticadas ou não tratadas e as alergias alimentares, tais como ao glúten, laticínios, aditivos e ovos, podem resultar em inflamação e erupções da pele. Da mesma forma, uma dieta altamente inflamatória, rica em carboidratos de alto índice glicêmico, como as farinhas brancas e os doces, e em produtos ultraprocessados, segundo a médica, pode influenciar também na função barreira da pele.
Desidratação, seja por excesso de transpiração ou falta de água, também pode ressecar a pele e colocá-la sob estresse. Então, beba água!
Além disso, as mudanças de estação, bem como as oscilações de temperatura, podem aumentar a sensibilidade da derma. “No frio, as glândulas da pele reduzem a secreção de substâncias necessárias para a manutenção do manto protetor, fazendo com que a pele fiquei mais seca. O aquecimento central e o ar condicionado também têm esse efeito. No calor, as glândulas da pele produzem mais suor, que evapora, deixando-a com uma sensação seca”, diz a médica.
E como faz para restaurar a pele sensível?
Ao escolher um produto de cuidados para peles sensíveis, não basta apenas garantir que ele não tenha substâncias irritantes. De acordo com a dermatologista, o produto deve funcionar ativamente abaixo da superfície da pele, estimulando os seus próprios processos de renovação e as defesas naturais.
Produtos com ceramidas e acidos graxos, constituintes naturais da barreira do corpo, auxiliam para ter uma pele hidratada e sedosa, assim como glicerina, vitamina E e óleos vegetais de alta qualidade, ricos em ácido linoléico, pois eles fortalecem a função natural de barreira da pele.
Porém, a médica reforça e finaliza: "O mais importante é buscar ajuda de um médico dermatologista para ajudar a identificar a causa e tratar essa irritação na pele”.
Fonte: Patricia Mafra, médica dermatologista graduada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCM-MG), membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).